Palestinos buscam status de patrimônio para Igreja da Natividade

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Por SO
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Os palestinos esperam convencer a Unesco neste fim de semana para declarar partes de Belém e sua Igreja da Natividade como Patrimônio Mundial em perigo, a fim de agilizar o financiamento para reparos. O debate sobre o tema altamente politizado está previsto para começar na sexta-feira na reunião anual do Comitê do Patrimônio Mundial da organização cultural global em São Petersburgo, Rússia, com uma possível votação no sábado ou domingo. A igreja do século 4o --construída sobre uma gruta onde a tradição cristã diz que Jesus nasceu -- precisa de reparos, especialmente no seu telhado, e a Autoridade Palestina, que exerce um autogoverno limitado na Cisjordânia ocupada por Israel, está sem recursos. A Autoridade Palestina conseguiu apenas 3 milhões de dólares para renovações, uma pequena fração da ajuda internacional prometida. Autoridades palestinas disseram que uma decisão da Unesco reconhecendo a igreja como um local de perigo iria atrair dinheiro para Belém mais rapidamente. O pedido de nomeação inclui um pequeno trecho da rota de peregrinação, o caminho que, segundo a tradição, José e Maria fizeram para a cidade em sua caminhada de Nazaré há 2.000 anos. Grupos palestinos, em uma carta à Unesco, apontaram para o que eles descrevem como os perigos da ocupação israelense, citando em especial o cerco da Igreja da Natividade por Israel em 2002, onde os militantes se refugiaram durante um levante palestino. A violência diminuiu drasticamente nos últimos anos e mais de 2 milhões de pessoas visitam anualmente a igreja. Mas peritos independentes enviados pela Unesco para examinar a igreja recomendaram recusar o pedido, dizendo que, embora o telhado da igreja precisasse de reparos, o santuário não pode ser considerado 'como tendo sido severamente danificado ou sob ameaça iminente'. "Estamos vivendo sob a ocupação", disse o vice-prefeito de Belém, George Saade. "Belém é cercada por um muro. Economicamente, não podemos trabalhar livremente. Precisamos de ajuda da Unesco." Ele estava se referindo a uma barreira na Cisjordânia construída por Israel durante a revolta com o objetivo declarado de impedir que homens-bomba chegassem às suas cidades. Os palestinos dizem que o projeto é uma tentativa de conquistar terras que eles querem para um Estado palestino. Em Jerusalém, o porta-voz do Ministério de Relações Estrangeiras israelita, Yigal Palmor, opôs-se à reivindicação palestina de que os locais em Belém estão em perigo iminente. "O verdadeiro propósito aqui não é realmente o apoio da Unesco, mas simplesmente para confrontar Israel novamente", disse Palmor. "Nós não temos nenhuma objeção quanto à inclusão da Igreja da Natividade. Os palestinos estão à procura de um conflito a qualquer custo." Se o pedido de emergência for rejeitado, a Autoridade Palestiniana pretende passar pelo processo de aplicação normal para reconhecimento de Patrimônio Mundial. No ano passado, a Unesco concedeu adesão plena aos palestinos, uma decisão vista na época como um impulso à sua tentativa, desde então estagnada, de obter reconhecimento unilateral de soberania das Nações Unidas, na ausência de negociações de paz com Israel. Israel e os Estados Unidos, que posteriormente cortaram seu financiamento anual de 80 milhões de dólares da Unesco, condenaram a decisão, dizendo que as negociações de paz --que fracassaram em 2010- eram o único caminho para um Estado palestino.

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