Palestinos e israelenses retomarão negociações de paz

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Por ARSHAD MOHAMMED E SUE PLEMING
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Com um aperto de mão, os líderes dos Estados Unidos, de Israel e do povo palestino concordaram na terça-feira com o início imediato de novas negociações de paz com o objetivo de chegar a um acordo definitivo até o final de 2008, que leve a paz ao Oriente Médio. O presidente norte-americano, George W. Bush, fez o importante anúncio na abertura da conferência de paz de um dia, que conta com a presença de 44 países, tendo ao seu lado o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas. Bush conseguiu com que os dois líderes se apertassem as mãos no palco da conferência depois do anúncio do acordo, cuja meta é criar um Estado palestino que conviva pacificamente com Israel. O acordo foi concretizado após longas negociações de última hora entre os dois lados em cima de um documento conjunto que traçasse o caminho para a negociação dos temas mais espinhosos: Jerusalém, as fronteiras, a segurança e o destino dos refugiados palestinos. "Concordamos em lançar imediatamente negociações bilaterais e bem-intencionadas para concluir um tratado de paz que solucione todas as questões relevantes, incluindo os problemas centrais, sem exceção", disse Bush, lendo uma declaração conjunta. Ele disse que os dois lados concordaram em chegar a um acordo até o final de 2008 -- prazo que coincide com o fim de seu segundo mandato como presidente dos EUA. Em seu maior esforço até agora para resolver a questão do Oriente Médio, Bush conversou com Olmert e com Abbas antes de falar à conferência, que conta com a presença de diplomatas da Síria, da Arábia Saudita e de mais 12 países árabes. "O momento é o certo, a causa é justa, e com trabalho duro sei que eles podem conseguir", disse Bush em seu discurso. A conferência duraria o dia inteiro e estava sendo realizada no campus da Academia Naval dos EUA, em Annapolis, que fica a uma hora de carro de Washington. Segundo Bush, o objetivo da conferência não é concluir um acordo, mas dar início às negociações. "A tarefa iniciada aqui em Annapolis será difícil", disse Bush. "Este é o começo do processo, não o fim, e há muito trabalho a fazer." É a rodada de negociações mais ambiciosa sobre o conflito do Oriente Médio em sete anos. Bill Clinton também tentou intermediar a paz no final de seu mandato, sem sucesso. O objetivo das negociações é a criação de um Estado palestino que conviva pacificamente com Israel. Mas não há expectativa de que haja avanços importantes entre os dois lados. Olmert é politicamente fraco em Israel e os palestinos estão fortemente divididos entre os leais a Abbas e os que apóiam o Hamas, movimento islamita que desautorizou a participação de Abbas na conferência. Uma importante autoridade do Hamas descreveu como "perda de tempo" a declaração conjunta. "O que nós vimos é apenas uma festa de despedida para George Bush e uma tentativa sem esperança de retratá-lo como um grande líder que teve sucesso em fazer o que outros líderes norte-americanos fracassaram", disse Ahmed Youssef, renomada figura do Hamas em Gaza. "Annapolis não é o caminho para nos levar à paz de verdade", completou ele à Reuters. "É uma perda de tempo". Na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas, dezenas de milhares de pessoas participaram de uma manifestação de protesto contra a conferência de Annapolis, gritando palavras de ordem como "Abbas é um traidor" e "Morte a Israel, morte à América". Em Hebron, durante protesto contra a conferência nos EUA, um manifestante morreu com um tiro no peito e outros 15 ficaram feridos em confrontos com forças de segurança leais ao presidente Abbas. (Reportagem adicional de Jeffrey Heller, Adam Entous, Mohammed Assadi, Caren Bohan e Tabassum Zakaria em Washington, Khaled Yacoub Oweis em Annapolis, Nidal al-Mughrabi em Gaza, Reza Derakhshi em Teerã, Wafa Amr em Ramallah e Rebecca Harrison em Jerusalém)

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