Petraeus diz que sabia de presença da Al Qaeda no ataque a Benghazi

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Por SUSAN CORNWELL E TABASSUM ZAKARIA
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O ex-diretor da CIA David Petraeus declarou nesta sexta-feira ao Congresso que ele e a agência de espionagem buscaram deixar claro desde o princípio que o ataque de setembro a um consulado dos Estados Unidos na Líbia contou com envolvimento militantes da Al Qaeda, segundo parlamentares. Petraeus disse à comissão de inteligência da Câmara, que "havia extremistas no grupo" que realizou o ataque inicial ao consulado em Benghazi, descrevendo-os como afiliados à Al Qaeda e de outras facções, segundo o deputado C.A. Dutch Ruppersberger, líder democrata na comissão. "O fato é que ele esclareceu isso." Mas outro deputado, o republicano Peter King, disse que o relato de Petraeus na sessão a portas fechadas diferiu da avaliação que a CIA passou ao Congresso há dois meses, logo depois dos ataques de 11 de setembro, que resultou na morte de quatro norte-americanos, inclusive o embaixador norte-americano na Líbia, Christopher Stevens. "Ele também declarou que achava o tempo todo que havia deixado claro que havia um significativo envolvimento terrorista e essa não é a minha lembrança sobre o que ele nos disse em 14 de setembro", disse King. Também nesta sexta-feira, Petraeus depôs à Comissão de Inteligência do Senado. Os dois depoimentos ocorrem uma semana depois de ele renunciar ao comando da CIA por causa da revelação de um relacionamento extraconjugal. Parlamentares disseram que Petraeus se mostrou compungido e que sua renúncia não tinha nada a ver com questões relacionadas ao ataque de Benghazi ou a qualquer relutância em prestar depoimento ao Congresso. "O general (da reserva) não tratou de questões específicas do relacionamento (extraconjungal), daquela questão", disse o deputado democrata Jim Langevin. "O que ele disse em sua declaração inicial era que ele lamentava as circunstâncias que levaram à sua renúncia." Petraeus entrou e saiu das audiências sem ser visto pelos muitos jornalistas presentes. Alguns republicanos sugerem que o governo do presidente Barack Obama tentou minimizar o envolvimento terrorista no ataque a Benghazi para não afetar as chances de reeleição do democrata. Quatro dias depois do ataque, o governo continuava dizendo que o incidente havia sido consequência de um protesto popular espontâneo contra um filme realizado nos Estados Unidos que ironizava o profeta Maomé. Parlamentares pareceram tratar com luvas de pelica as questões envolvendo a vida pessoal de Petraeus. "Eu o considero um amigo, o que tornou o interrogatório difícil, para ser honesto com vocês", disse King a jornalistas. "Eu o conheço já faz nove anos. Na verdade, pedi a ele que concorresse a presidente há alguns anos." O relacionamento de Petraeus com sua biógrafa Paula Broadwell despertou temores de que informações confidenciais poderiam ter sido vazadas, afetando a segurança nacional. Até agora, no entanto, investigadores do FBI não encontraram nada que corrobore essa suspeita, segundo fontes ligadas à investigação. Antes de renunciar, Petraeus foi à Líbia ouvir testemunhas sobre os ataques contra o consulado dos Estados Unidos em Benghazi e um anexo da CIA. Ruppersberger disse que um vídeo exibido durante uma sessão secreta na quinta-feira mostrou que o ataque ao consulado foi bastante diferente da subsequente invasão do anexo da CIA. O ataque à missão envolveu saqueadores e pessoas ateando fogo, ao passo que o ataque ao anexo foi "bem organizado" e envolveu pessoas que tinham experiência em conduzir ataques, afirmou. (Reportagem adicional de Patricia Zengerle)

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