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Polícia iraniana dispersa manifestação da oposição em Teerã

Milhares celebram 30 anos da tomada da embaixada dos EUA; partidários de Mousavi voltam às ruas

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Por Redação
Atualização:

Forças de segurança iranianas agrediram manifestantes contrários ao governo com cassetetes e lançaram gás lacrimogêneo para dispersar um protesto nesta quarta-feira, 4, segundo testemunhas e a mídia estatal. Os distúrbios ocorreram ao mesmo tempo em que o regime organizava uma manifestação para marcar o 30º aniversário da tomada da embaixada dos Estados Unidos em Teerã.

 

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Milhares de pessoas se manifestam em frente à embaixada americana em Teerã, em uma jornada em que a oposição reformista convocou protestos contra o governo. As restrições impostas no país proíbem a imprensa de cobrir eventos que não sejam aprovados pelo regime. Houve bloqueios no acesso a celulares e à internet. As autoridades já haviam advertido que não queriam protestos contra o governo durante as manifestações para marcar a tomada da embaixada em 1979, nos turbulentos primeiros meses da Revolução Iraniana.

 

No protesto apoiado pelo governo, era possível ouvir gritos como "Morte à América!". Já entre os oposicionistas a máxima era "Morte ao ditador!". Testemunhas contaram que forças de segurança, sobretudo unidades paramilitares da Guarda Revolucionária, avançaram sobre centenas de manifestantes na praça Haft-e-Tir, no centro da capital. As testemunhas pediram anonimato.

 

Sites favoráveis a reformas no país afirmaram que a polícia lançou gás lacrimogêneo para esvaziar a manifestação na praça. O local fica aproximadamente 1 quilômetro distante do local onde ocorre o evento anual para marcar a tomada da embaixada norte-americana. A agência de notícias estatal República Islâmica confirmou que a polícia usou gás lacrimogêneo. Já a também estatal Press TV citou um ferido nos confrontos. Não há, porém, relatos independentes sobre presos ou feridos.

 

Milhares de seguranças iranianos se reuniram nas ruas de Teerã na quarta-feira para evitar as marchas da oposição. Líderes oposicionistas como Mousavi e Mehdi Karoubi, que disputaram as eleições contra Ahmadinejad, pediram a seus simpatizantes que fossem às ruas protestar contra o governo, apesar das advertências da polícia iraniana sobre "reuniões ilegais". Segundo o site reformista Mowjcamp, Karoubi estava no protesto de quarta-feira. Mousavi e seus aliados, incluindo o ex-presidente Mohammad Khatami, apareceram para encorajar os manifestantes.

 

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Segundo testemunhas, grupos de jovens jogaram pedras no centro da cidade contra membros da milícia Basij, que tentavam dispersar os opositores com tiros para o alto, gás lacrimogêneo e cassetetes. Na rua Karim Khan, os manifestantes derrubaram contêineres. Na rua Valie-e Asr, a polícia enfrentou vários grupos de opositores que tinham distribuído panfletos verdes com o nome de Mousavi e fotos de algumas das pessoas mortas na repressão dos protestos contra a reeleição. Segundo a agência Efe, 20 pessoas foram detidas.

 

No dia 4 de novembro de 1979, dezenas de estudantes revolucionários islâmicos invadiram a missão diplomática, detendo 52 pessoas durante 444 dias. Desde então, 4 de novembro é uma data chave para o regime iraniano, que cresceu e se alimentou nos últimos trinta anos com a retórica antiamericana. Após o incidente, os dois países romperam as relações diplomáticas.

 

O presidente dos EUA, Barack Obama, usou o aniversário da crise dos reféns para pedir a Teerã que fizesse concessões sobre seu programa nuclear, dizendo que o país precisa virar a página do passado e forjar uma nova relação com os EUA.

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