Premiê de Israel cobra de Obama acordo que impeça Irã de ter armas nucleares

Se Netanyahu pressionou Obama por causa de Teerã, o presidente norte-americano exortou o líder israelense a ajudar a encontrar maneiras de evitar as baixas de civis palestinos

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Por MATT S
Atualização:
Reunidos pela primeira vez em oito meses, os dois líderes, que têm um histórico de relações tensas, evitaram qualquer embate verbal Foto: Jim Watson/AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nesta quarta-feira, que ele precisa garantir que qualquer acordo nuclear definitivo com o Irã não deixe o país "à beira" de poder fabricar bombas nucleares.

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Se Netanyahu pressionou Obama por causa de Teerã, o presidente norte-americano exortou o líder israelense a ajudar a encontrar maneiras de evitar as baixas de civis palestinos, como as ocorridas na recente guerra na Faixa de Gaza entre Israel e os militantes do Hamas.

Reunidos pela primeira vez em oito meses, os dois líderes, que têm um histórico de relações tensas, evitaram qualquer embate verbal direto durante uma breve aparição diante da mídia na Casa Branca, e até pareceram em sintonia em relação à luta contra os combatentes do Estado Islâmico.

Mesmo assim, foram incapazes de ocultar suas diferenças em alguns dos temas que criaram cisões entre os dois.

Destacando as desconfianças de Israel em um momento crítico nas conversas nucleares entre o Irã e as potências mundiais, Netanyahu deixou claro que continua discordando de Obama em relação ao andamento das negociações internacionais com o arqui-inimigo regional de Israel.

"Como você sabe, senhor presidente, o Irã busca um acordo que suspenda as sanções que você trabalhou tão duramente para adotar e que deixe o país à beira de se tornar uma potência nuclear", afirmou Netanyahu a Obama. “Espero firmemente que, sob a sua liderança, isso não aconteça.”

O cerne do desentendimento entre os EUA e Israel é que Netanyahu quer ver Teerã completamente privado de sua tecnologia nuclear nos termos de qualquer acordo abrangente, enquanto Obama insinuou estar aberto à continuidade do enriquecimento de urânio no Irã de forma limitada para fins civis.

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Obama só mencionou o Irã vagamente quando os líderes iniciaram suas discussões em particular, dizendo que “houve progresso” nas tratativas sobre o programa nuclear iraniano.

Enquanto Netanyahu enfatizava o Irã, Obama logo desviou a atenção para os 55 dias do conflito sangrento em Gaza, que terminou em agosto sem um vencedor claro. Os combates ocorreram na esteira do fracasso das conversas de paz entre israelenses e palestinos, mediadas pelos EUA, em abril.

“Temos que encontrar maneiras de mudar a situação atual para que os cidadãos israelenses estejam protegidos em suas casas, e as crianças em suas escolas, da possibilidade de disparos de foguetes, mas para que tampouco tenhamos a tragédia de crianças palestinas sendo mortas”, declarou Obama.

Netanyahu disse continuar “comprometido com uma visão de paz para dois Estados e dois povos” baseada em arranjos que garantam a segurança de Israel, mas não ofereceu nenhuma opção para restabelecer as negociações com os palestinos.

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Em vez disso, ele sugeriu haver uma necessidade de "pensar em alternativas" e recrutar países árabes moderados para “construir um programa positivo” para induzir a paz e a segurança na região, embora sem entrar em detalhes.

O Irã e Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China encerraram dez dias de conversas na semana passada em Nova York sem grandes avanços na superação das desavenças em temas como a abrangência do futuro programa nuclear de Teerã e o ritmo da suspensão das sanções. As conversas almejam a obtenção de um acordo de longa data até 24 de novembro.

(Reportagem adicional de Steve Holland, em Washington, e de Dan Williams e Jeffrey Heller, em Jerusalém)

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