20 de março de 2011 | 13h02
SANAA - O presidente do Iêmen, Ali Saleh, destituiu o Governo de Ali Muyawar e se encarregou da direção dos assuntos administrativos até a formação de um novo Executivo, segundo informou neste domingo, 20, a agência estatal iemenita, "Sana".
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Saleh, pressionado pela oposição para que deixe o poder, emitiu este decreto depois que vários ministros renunciaram de seus cargos em protesto pela repressão das revoltas populares contra o regime, que explodiram há várias semanas no país.
O decreto estipula "a destituição do Governo presidido por Ali Mohammed Muyawar e sua missão de tramitar os assuntos públicos normais, exceto as nomeações e as destituições, até a formação de um novo Governo", segundo a "Sana".
A agência acrescentou que Saleh nomeou Jamal Abdullah al-Salal como novo enviado do Iêmen na ONU depois da renúncia deste domingo de Abdullah al Saidi, após condenar a violência governamental contra os manifestantes que exigem a renúncia do presidente.
Horas antes, a ministra de Direitos Humanos, Hoda al Ban, e o vice-ministro, Ali Taisir, apresentaram suas respectivas renúncias em protesto pela morte de cerca de 50 manifestantes na sexta-feira.
A fonte, que preferiu manter o anonimato, confirmou neste domingo à Agência Efe que o chefe de redação do jornal governamental "Al Zawra", Abdel-Rahman Bayas, também renunciou pelas mesmas razões.
Na sexta-feira passada, 45 pessoas morreram e 270 ficaram feridas pelos disparos de desconhecidos contra uma manifestação da oposição nas proximidades da Universidade de Sana.
Embaixador do Iêmen na ONU deixa o cargo
Um oficial do Ministério das Relações Exteriores disse neste domingo, 20, que o embaixador do Iêmen na ONU, Abdullah Alsaidi, se demitiu em protesto à violência do governo contra os manifestantes no país.
Segundo o oficial disse à agência AP, Alsaidi já teria enviado sua carta de demissão para o presidente Ali Abdullah Saleh. O embaixador teria sido convidado a deixar cargo pelos líderes da oposição.
Centenas de pessoas participam de uma procissão neste domingo, em luto pelos manifestantes mortos pelas forças de segurança do país.
O presidente Ali Abdullah Saleh aparentemente mantém sua tática militar na capital, enviando policiais e forças especiais de segurança para a Universidade de Sanaa, que tem sido o centro dos conflitos.
"De agora em diante, nós iremos controlar as entradas e saídas da praça por ordem do comando supremo militar do país", disse o militar Mohammed Hussein.
Esta sexta-feira, 18, foi o dia mais sangrento desde que se iniciaram os protestos no país. Atiradores do governo mataram mais de 40 pessoas. A ONU e as Nações Unidas condenaram a violência no Iêmen.
(Matéria atualizada às 16h39)
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