02 de agosto de 2007 | 17h22
O mais respeitado clérigo muçulmano xiita do Líbano emitiu nesta quinta-feira, 2, uma fatwa, ou édito religioso, proibindo crimes de honra, frisando ser "um ato repulsivo" o costume de parentes assassinarem uma mulher acusada de desvio sexual. A fatwa do grão-aiatolá Mohammed Hussein Fadlallah foi uma rara condenação por parte de um eminente clérigo ao costume. O escritório de Fadlallah explicou que ele divulgou o comunicado devido a notícias dando conta do aumento da violência contra as mulheres. "Vejo um crime de honra como um ato repulsivo condenado e proibido pela religião", disse no comunicado Fadlallah, a mais reverenciada autoridade religiosa dos 1.2 milhão de xiitas do Líbano. "Nos chamados crimes de honra, alguns homens matam suas filhas, irmãs, esposas ou outras parentes com o pretexto de que elas cometeram atos contrários à castidade e à honra", afirmou Fadlallah. "Esses crimes são cometidos sem qualquer respaldo religioso, e na maioria das vezes com base apenas em suspeitas". Crimes de honra raramente são denunciados no Líbano e não existem registros oficiais sobre eles. Mas o porta-voz de Fadlallah, Hani Abdullah, disse que "esse fenômeno alcançou níveis perigosos". "Crimes de honra têm sido registrados recentemente principalmente na Palestina, Jordânia, Iraque, Irã e Líbano", acrescentou. "Alguns governos árabes mantêm silêncio sobre tais crimes porque eles não querem irritar líderes tribais em seus países". Nos setores mais pobres e tradicionais do Oriente Médio, as mulheres são vistas como guardiãs da honra do clã e qualquer relação sexual fora do casamento - ou algumas vezes apenas um encontro - é vista como uma mancha indelével na reputação da família que pode ser limpada apenas com sangue. Apesar de tais crimes serem ilegais nos países árabes e muçulmanos da região, os perpetradores freqüentemente são inocentados ou recebem sentenças leves.
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