Próxima guerra de Israel deve ser em Gaza, e não na Síria

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Por DOUGLAS HAMILTON
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Se Israel entrar em guerra com qualquer um de seus vizinhos antes do fim do ano será com Gaza e não com a Síria, apesar das aparências. O Exército israelense disparou contra a Síria na segunda-feira pelo segundo dia consecutivo, depois que um morteiro sírio do confronto com os rebeldes atingiu a região das Colinas de Golã, controlada por Israel. O míssil israelense de domingo foi um tiro de advertência. O disparo de um tanque na segunda-feira foi um tiro certeiro, disse o Exército. Não houve nenhum comentário imediato sobre vítimas. Mas foi a "mensagem" que Israel alertara que viria. "Houve cinco incidentes com suposto fogo errante proveniente de armas pequenas ou morteiros", disse o ministro de Assuntos Estratégicos israelense, Moshe Yaalon, à Rádio do Exército na segunda-feira antes do segundo incidente. "Enviamos mensagens verbais. Isso não ajudou. Assim, ontem, pela primeira vez, enviamos uma mensagem física", acrescentou ele. "Se a mensagem for compreendida, bom. Se ela não for entendida, precisaremos enviar outras mensagens do tipo." Os rebeldes sírios que lutam para derrubar o presidente Bashar al-Assad estão em confronto com o Exército há meses em cidades dentro e perto da área de separação entre Israel e Síria, ao longo da linha desmilitarizada estabelecida ao final de uma guerra entre os dois países em 1973. Tecnicamente, eles ainda estão em guerra, mas é uma guerra fria. Durante quase 40 anos, o Golã foi um dos fronts mais tranquilos de Israel. Apesar da vista privilegiada que têm da guerra civil na Síria a partir de postos avançados nas Colinas de Golã, os generais israelenses não acreditam que as coisas esquentem no norte do país. "Na minha opinião, quase não há dúvida de que ele não tem interesse em abrir um front", disse Yaalon sobre o presidente Assad. No sul, porém, nuvens de uma guerra real estão se formando sobre a Faixa de Gaza, o enclave costeiro de onde os combatentes palestinos disparam foguetes contra Israel, e em troca enfrentam ataques da Força Aérea israelense. "No mês passado, mais de 20 terroristas e alguns civis morreram na Faixa de Gaza e dezenas ficaram feridos", disse o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, no domingo. "Os disparos não pararam nem hoje, nem mesmo neste momento." SEM JUIZ Diferentemente da região do Golã, onde mil soldados de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) patrulham a zona rural e as colinas que separam as posições do Exército israelense e sírio, a Faixa de Gaza não tem juízes para manter a paz. Ela é cercada, e as patrulhas do Exército de Israel patrulham ambos os lados da cerca. Em dezembro de 2008, os repetidos disparos de foguetes que espalhavam o medo entre as comunidades do sul de Israel deflagraram um ataque israelense violento. A Operação Chumbo Fundido começou com uma semana de bombardeios, seguida por uma ofensiva terrestre. Cerca de 1,4 mil palestinos morreram, em sua maioria civis, assim como 13 israelenses. Israel foi duramente criticado pelo uso de força desproporcional. (Reportagem adicional de Ari Rabinovitch, em Jerusalém, e de Nidal al-Mughrabi, em Gaza)

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