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Rebeldes sírios estão pessimistas com plano de cessar-fogo

Lakhdar Brahimi propôs trégua durante o feriado islâmico de três dias que começa nesta sexta-feira

Atualização:

BEIRUTE - Rebeldes sírios levantaram dúvidas nesta segunda-feira, 22, sobre as perspectivas de uma trégua temporária destinada a estancar o derramamento de sangue no conflito que já dura 20 meses, dizendo que não estava claro como um cessar-fogo informal poderia ser implementado. O mediador internacional Lakhdar Brahimi, que se reuniu em Damasco no domingo com o presidente Bashar Assad, propôs que as forças do governo e os rebeldes interrompam a violência durante o feriado islâmico de três dias Eid al-Adha, que começa na sexta-feira. A proposta ganhou apoio de potências de ambos os lados da crise, incluindo Irã e Rússia, que têm fornecido apoio a Assad, e a Turquia, que apoia os rebeldes em um conflito que já matou 30.000 pessoas. Mas o Exército sírio e os rebeldes não mostraram sinais de abrandamento enquanto o Eid se aproxima. Mais de 200 pessoas foram mortas no domingo em combates e bombardeios, incluindo 60 soldados, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Nesta segunda-feira, o grupo localizado na Grã-Bretanha relatou bombardeios do Exército em Deir al-Zor, no leste, e em Deraa, no sul. Houve ainda pesados combates nas cidades e subúrbios em torno da capital Damasco. "Esta trégua é apenas uma bolha de mídia. Quem é que vai implementá-lo e quem vai fiscalizar isso?", disse o coronel Qassem Saadeddine, ex-oficial do Exército que desertou e hoje é chefe de um conselho militar rebelde na província de Homs. "Nós ainda estamos comprometidos com qualquer decisão da Organização das Nações Unidas. Mas esta trégua ... qual é o mecanismo para implementar isso?", afirmou à Reuters Saadeddine, que também é porta-voz do comando conjunto do Exército Sírio Livre. Ele disse que os rebeldes cumpriram o último cessar-fogo na Síria, em 12 de abril, implementado pelo ex-mediador Kofi Annan, mas que as forças de Assad não o honraram. Autoridades sírias afirmam que elas executaram o cessar-fogo e que foram os rebeldes que o quebraram. Outro comandante rebelde em Damasco, que não quis ser identificado, foi mais direto: "A trégua não vai acontecer. Não vamos aceitar isso. Não é do nosso interesse", disse ele, acrescentando que uma trégua de três dias teria pouco impacto. O conflito na Síria tem atingido seus vizinhos nas últimas semanas. O Exército trocou ataques pela fronteira com a Turquia, um chefe da inteligência libanesa cujas investigações implicaram autoridades sírias foi assassinado na sexta-feira e um soldado jordaniano foi morto perto da fronteira durante a noite.

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