Rebeldes tomam mais cidades no oeste da Líbia

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Por MICHAEL GEORGY
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Os rebeldes das Montanhas Ocidentais da Líbia lançaram na quinta-feira uma ofensiva contra as tropas de Muammar Gaddafi, no mesmo dia em que Portugal juntou-se a cerca de 30 outros países na concessão de reconhecimento diplomático à oposição. Após cinco meses de guerra civil, a perspectiva de uma solução negociada parece cada vez mais distante, e ambos os lados se preparam para a continuidade do conflito durante o mês sagrado islâmico do ramadã, em agosto. Os insurgentes disseram ter ocupado várias cidades na quinta-feira, inclusive Ghezaia, localidade próxima à fronteira com a Tunísia, de onde eles controlam as planícies abaixo das montanhas. Não foi possível ir a Ghezaia confirmar esse relato, porque os rebeldes disseram que seus arredores estão minados. Mas, de binóculo, um repórter da Reuters disse não ter visto nenhum sinal das forças de Gaddafi na cidade. Outro comandante rebelde disse que as localidades de Takut e Um al Far também foram capturadas. Num posto de controle na entrada de Nalut, cidade que já estava sob controle dos rebeldes, o clima era de otimismo, e jovens combatentes iam e vinham da frente de combate gritando "Deus é grande." Os primeiros mortos e feridos da ofensiva também foram levados para lá. Durante a manhã, fontes hospitalares disseram ter recebido dois rebeldes mortos e 18 feridos, além de nove soldados do governo feridos. "Não queremos continuar lutando, todos estão contra nós", disse à Reuters um soldado que se identificou como Ibrahim. Com a mão decepada, ele estava deitado ao lado de combatentes adversários feridos nos confrontos. Os rebeldes agora controlam grande parte das Montanhas Ocidentais, e também todo o nordeste da Líbia e a cidade de Misrata (oeste). "Estamos confiantes de que podemos derrotar Gaddafi agora, já capturamos mais armas do Exército líbio, principalmente AK-47s", disse o combatente Mohammed Ahmed, de 20 anos. No entanto, os rebeldes continuam mal armados e desorganizados, e apesar do apoio militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) parece improvável que consigam chegar tão cedo a Trípoli, a capital. Em Benghazi, no leste do país, o líder rebelde Mustafa Abdel Jalil disse que o chefe da campanha militar contra Gaddafi foi assassinado por homens armados nesta quinta-feira. Ele afirmou que Abdel Fattah Younes foi morto depois de ter sido convocado perante uma comissão judicial que estava analisando as operações militares. O chefe da célula armada que matou Younes foi preso, disse Jalil, sem dar mais detalhes. Na frente diplomática, Portugal acompanhou a decisão da véspera da Grã-Bretanha, e reconheceu os rebeldes como governo legítimo da Líbia. Londres também desbloqueou 91 milhões de libras (149 milhões de dólares) em bens congelados, que poderão ser usados pelos rebeldes. A Áustria disse que pretende liberar 1,2 bilhão de euros (1,7 bilhão de dólares), mas que para isso depende de documentos comprovando que o Conselho Nacional de Transição, instalado pelos rebeldes em Benghazi, tem poderes equivalentes ao de um Banco Central. (Reportagem adicional de Rania El Gamal, em Benghazi; de Hamid Oul Ahmed, em Argel; de Missy Ryan e Lutfi Abu Aun, em Trípoli; de Andrei Khalip, em Lisboa; de Olesya Dmitracova e Ikuko Kurahone, em Londres; de Sylvia Westall, em Viena; de Humeyra Pamuk, em Dubai; de Patrick Worsnip, em Nova York; e de Joseph Nasr, em Berlim)

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