Rebeldes tomam posto militar sírio perto da Turquia, dizem testemunhas

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Por HAMDI ISTANBULLU
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Rebeldes tomaram um posto militar sírio, perto da província fronteiriça turca de Hatay, e uma bandeira rebelde foi hasteada no edifício neste domingo, enquanto confrontos podiam ser ouvidos numa vila síria vizinha, disseram moradores e uma testemunha da Reuters. Os rebeldes tomaram o posto militar, um prédio branco de três andares, a um quilômetro da fronteira. O prédio fica numa colina, de onde se vê o vilarejo turco de Guvecci. No local, eles hastearam uma bandeira do Exército Livre da Síria, de acordo com moradores. "Nos últimos quatro dias houve confrontos violentos. Não pudemos dormir... Agora está calmo", afirmou Musa Sasak, de 27 anos, morador do local. Três morteiros disparados pela Síria atingiram área perto de Guvecci no sábado, o que provocou um quarto dia de disparos de retaliação da Turquia. Os foguetes sírios não chegaram até a região habitada e não deixaram feridos. Esses disparos são o caso de violência interfronteiras mais grave do conflito da Síria, que começou como manifestações pela democracia, mas evoluiu para uma guerra civil de tons sectários. Os incidentes recentes entre turcos e sírios mostram como o conflito pode desestabilizar a região. Os confrontos podiam ser ouvidos neste domingo na vila síria de Khirbet al-Joz, atrás da colina onde fica o posto militar tomado. Havia também fumaça na área. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirmou que os rebeldes dominaram Khirbet al-Joz no fim do sábado, depois de 12 horas de batalha. O Observatório, com base no Reino Unido, monitora a violência na Síria por intermédio de uma rede de ativistas no país. Segundo a organização, pelo menos 40 militares sírios foram mortos. Nove rebeldes também teriam morrido. Esses números não puderam ser verificados de forma independente. O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, havia alertado a Síria na sexta-feira que os turcos iriam reagir se atingidos, na esteira do ataque sírio que matou cinco civis turcos na quarta-feira. Integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Turquia já foi aliada do presidente sírio, Bashar al-Assad, mas se voltou contra ele depois da violenta resposta à revolta no país. De acordo com a Organização das Nações (ONU), mais de 30 mil pessoas já morreram no conflito da Síria. A Turquia abriga cerca de 100.000 refugiados sírios e tem cobrado a renúncia de Assad. As Forças Armadas turcas são bem maiores que as da Síria. (Reportagem adicional de Dominic Evans, em Beirute)

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