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Recontagem no Afeganistão abrangerá mais de 10% das seções

Por GOLNAR MOTEVALLI E PETER GRAFF
Atualização:

A recontagem parcial determinada para evitar fraudes na eleição presidencial de agosto no Afeganistão abrangerá mais de 10 por cento das seções, disse na terça-feira o chefe de um órgão de observação que tem apoio da ONU. Isso significa que potencialmente haverá alterações suficientes para modificar o resultado, prolongado por semanas ou meses a incerteza política no país. O principal candidato da oposição, Abdullah Abdullah, diz que, se o resultado ficar para o ano que vem, ele é favorável à instauração de um governo de transição que não seja chefiado nem por ele nem por seu maior rival, o presidente Hamid Karzai. Abdullah disse à Reuters que está em constantes discussões com autoridades ocidentais sobre as eleições e o futuro político afegão, mas que não está envolvido em negociações sobre a formação de uma coalizão com Karzai para acabar com o impasse. O canadense Grant Kippen, diretor da Comissão de Queixas Eleitorais, que tem o poder de vetar o resultado da eleição, disse à Reuters que 2.516 seções eleitorais, de um total de 24.630, serão alvo da recontagem determinada na semana passada por sua comissão, que foi nomeada pela ONU. A CQE determinou a recontagem em seções onde um candidato tenha recebido pelo menos 95 por cento dos votos, ou onde haja indícios de que existam mais do que o máximo de 600 votos depositados. Abdullah disse que houve "inchaço" das urnas em muitas seções, especialmente no sul, onde os dados oficiais indicam uma votação expressiva para Karzai. Segundo resultados preliminares quase completos já divulgados, Karzai tem 54,3 por cento dos votos, o que bastaria para evitar um segundo turno em outubro. Mas a CQE ainda tem autoridade para descartar urnas e diz ter encontrado evidências de fraude. A CQE já anulou os resultados de dezenas de seções, mas a liderança de Karzai é tão grande que só a descoberta de fraudes em grande escala reverteria o resultado. Com base nos resultados preliminares, seria necessário a anulação de quase 500 mil votos para Karzai, ou cerca de 9 por cento do total de votos válidos, para que a disputa fosse para segundo turno. Kippen não soube dizer quanto irá demorar a recontagem, e disse que novas recontagens não estão descartadas. Em breve a neve começará a cobrir algumas províncias, gerando a preocupação de que o segundo turno, se for necessário, terá de ser adiado para 2010.

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