O Irã criticou na quarta-feira a repressão contra manifestantes do Barein, e disse que a presença militar saudita no país do golfo Pérsico ameaça a estabilidade regional. Elevando o tom da sua retórica contra a repressão à maioria xiita do Barein, o Irã, principal país xiita no Golfo, disse que a crise poderá levar a um conflito mais amplo - algo que analistas têm alertado ser um risco real, devido às rivalidades regionais e tensões sectárias. "O que aconteceu é ruim, injustificado e irreparável", disse o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, na televisão estatal. O Irã retirou seu embaixador do Barein para consultas, disse a TV estatal, no que parece ser um movimento de retaliação depois de o Barein retirar na terça-feira seu embaixador em Teerã, reagindo a críticas feitas pela República Islâmica. Na quarta-feira, centenas de soldados do Barein reprimiram com violência manifestantes acampados numa praça de Manama. Na véspera, o governo havia solicitado e recebido o apoio de cerca de mil soldados sauditas, numa manobra que Teerã disse ter sido patrocinada por seu inimigo Estados Unidos. O Pentágono diz não ter sido informado de antemão a respeito da ocupação militar saudita, autorizada pelo Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne seis governos da região. O Irã tem manifestado apoio à série de rebeliões no mundo árabe, que qualifica como um "despertar islâmico". Por outro lado, o regime iraniano reprime com dureza protestos da sua própria oposição. O ministro iraniano da Defesa, Ahmad Vahidi, disse que a mobilização militar saudita "vai aumentar a tensão e romper a estabilidade e a segurança da região". "Caso esse tipo de ato ilegal e não-estudado se torne rotineiro, a região será o centro de fogo, animosidade e conflito", disse ele à agência semioficial de notícias Fars. Nenhum membro do governo iraniano sugeriu uma ação militar, mas um dirigente do Parlamento pediu ao governo que dê "um ultimato à Arábia Saudita para deixar o solo do Barein imediatamente." "A República Islâmica do Irã tem capacidade e poderio para ameaçar os interesses da Arábia Saudita e os Emirados (Árabes Unidos) em todos os lugares, e tem capacidade para fazer a Arábia Saudita se arrepender do que fez". afirmou Mohammad Dehqan à agência de notícias semi-oficial Mehr. Emirados Árabes Unidos, Catar e Omã disseram que também vão enviar contingentes para o Barein, como parte da força de defesa conjunta do CCG. Outro deputado iraniano, Hossein Naqavi, disse à Fars que a Arábia Saudita deve "ter certeza de que Teerã irá utilizar todos os seus recursos para evitar a repressão ao povo do Barein". Os xiitas do Barein se dizem discriminados pela monarquia sunita da ilha, e analistas dizem que a Arábia Saudita vê com preocupação as manifestações lá, temendo que se espalhem para sua própria minoria xiita. (Reportagem adicional de Hossein Jaseb)