Sadr apóia volta da ONU para a reconstrução do Iraque

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Por KATE KELLAND
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O influente clérigo xiita iraquiano Moqtada al-Sadr disse na segunda-feira ser favorável à proposta de ampliação da missão da ONU no Iraque, caso ela sirva para ajudar na reconstrução do país. Em entrevista ao jornal britânico Independent, Sadr, cuja milícia Exército Mehdi combate as forças norte-americanas e britânicas, salientou que a ONU não deve se tornar "apenas mais uma face da ocupação norte-americana". "Eu apoiaria a ONU aqui no Iraque se ela vier substituir os ocupantes norte-americanos e britânicos. Caso a ONU venha aqui realmente para ajudar o povo iraquiano, ela vai receber nossa ajuda em seu trabalho." O Conselho de Segurança da ONU decidiu neste mês ampliar o mandato da entidade no Iraque, o que significa um aumento de pessoal pela primeira vez desde o atentado na sede da ONU em Bagdá, há quatro anos, que matou 22 pessoas, inclusive o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão. A resolução do Conselho de Segurança prevê que a ONU se responsabilize por promover a reconciliação nacional e o diálogo do Iraque com seus vizinhos. Na entrevista, ele disse ainda que as forças britânicas foram encurraladas no sul do Iraque, em grande parte graças ao "importante papel" do Exército Mehdi. "Os britânicos desistiram e sabem que vão deixar o Iraque em breve. Estão recuando por causa da resistência que enfrentaram. Sem isso, eles teriam permanecido por muito tempo, sem dúvida." O sul do Iraque, patrulhado pelos britânicos, ficou significativamente mais perigoso para as tropas estrangeiras desde que Londres anunciou, em fevereiro, que reduziria seu contingente ao longo de 2007. Desde o início do ano, a Grã-Bretanha já perdeu 41 soldados no Iraque -- o recorde fora 2003, o primeiro ano da ocupação, com 53 baixas fatais. "Os britânicos perceberam que esta é uma guerra que eles não deveriam estar lutando e que não podem vencer," disse Sadr. Recentemente, comandantes militares britânicos disseram que as milícias xiitas estão ampliando seus ataques para darem a impressão de que estão expulsando as forças do Reino Unido -- uma "falsa impressão," insistiu um porta-voz militar britânico na segunda-feira. As tropas britânicas já deixaram três das quatro províncias que controlavam. Em Basra, segunda maior cidade iraquiana, os soldados britânicos permanecem a postos, mas já entregaram dois de seus três quartéis. Nas próximas semanas, devem entregar a última base e se instalar nos arredores da cidade. Sadr alertou que pode haver ataques também em solo britânico devido ao envolvimento de Londres no Iraque. "Os britânicos colocaram seus soldados numa posição perigosa ao enviá-los para lá, mas também colocaram o povo do seu próprio país em perigo", disse ele. "Fizeram inimigos entre todos os muçulmanos e agora enfrentam ataques em casa."

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