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Sadr suspende atividades de sua milícia no Iraque

Atualização:

O clérigo xiita radical Moqtada al-Sadr suspendeu na quarta-feira as atividades de sua temida milícia, o Exército Mehdi, depois de conflitos armados terem matado 52 pessoas e terem obrigado milhares de peregrinos a fugir de uma cidade sagrada do Iraque. Os confrontos em Kerbala pareciam ter sido travados pelos dois maiores grupos xiitas do país --de um lado, os seguidores de Sadr e seu Exército Mehdi e, de outro, o Supremo Conselho Islâmico Iraquiano (SIIC), cujo braço armado controla a polícia em grande parte do sul do Iraque. A ordem de suspensão, lida em um comunicado divulgado por um importante assessor de Sadr, afirmava que a milícia, que possui milhares de membros espalhados pelo país, deveria suspender suas atividades "a fim de reestruturar-se de forma tal a preservar seus princípios." O assessor, Hazim al-Araji, disse à Reuters que Sadr havia ordenado que os líderes de seu movimento paralisassem suas atividades durante um período de três dias de luto a ser observado depois dos conflitos ocorridos em Kerbala (sul). Sadr, um jovem clérigo contrário aos EUA, criou o Exército Mehdi em 2003, depois da invasão do Iraque liderada pelos norte-americanos. No ano seguinte, a milícia lançou dois levantes contras as forças dos EUA. O Pentágono já considerou o grupo a maior ameaça à paz no Iraque. Oficiais das Forças Armadas norte-americanas acreditam que Sadr esteja no Irã, apesar de assessores dele repetirem que o clérigo encontra-se no território iraquiano. O primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, havia voado até Kerbala e anunciado que suas forças tinham restabelecido a ordem na cidade. Mas a violência espalhou-se entre os xiitas durante a noite, quando homens armados atacaram escritório do SIIC em ao menos cinco cidades e atearam fogo nesses locais. Maliki responsabilizou "gangues criminosas armadas e ilegais compostas por remanescentes do extinto regime Saddam (Saddam Hussein)" pela violência e demitiu um general encarregado do centro de comando de Kerbala. "A situação em Kerbala está sob controle depois de reforços militares terem sido enviados para lá e de forças especiais da polícia e do Exército terem se espalhado pela cidade a fim de acabar com os assassinos e os criminosos," afirmou o premiê, em um comunicado. Depois do anoitecer, ainda era possível ouvir tiroteios esporádicos em Kerbala. Os disparos vinham da área localizada perto dos importantes santuários do imã Hussein e o imã Abbas, centro das celebrações xiitas de terça-feira. Sirenes de carro de polícia e de ambulâncias ecoavam enquanto as forças de segurança, por meio de alto-falantes, mandavam que os peregrinos saíssem do centro histórico da cidade, localizada 110 quilômetros ao sul de Bagdá. Os combates de terça-feira mataram 52 pessoas e deixaram 206 feridas, disse, em Bagdá, uma importante autoridade da área de segurança. Uma autoridade da área de saúde de Kerbala afirmou que 42 pessoas tinham sido mortas e 329 feridas. Centenas de milhares de peregrinos haviam se reunido para celebrar os 900 anos do nascimento do imã Mohammad al-Mahdi, o último dos 12 imãs reverenciados pelos xiitas como santos. A peregrinação, como outros rituais que acontecem anualmente no Iraque, havia se transformado em uma forma de a comunidade xiita, reprimida durante o regime de Saddam, dar mostras de força.

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