Síria denuncia enviado de paz que sugeriu saída de Assad

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Por ALEXANDER DZIADOSZ
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A Síria denunciou o enviado internacional, Lakhdar Brahimi, como "flagrantemente tendencioso" nesta quinta-feira, lançando dúvida sobre por quanto tempo o mediador da ONU e da Liga Árabe poderá manter sua missão de paz. O Ministério das Relações Exteriores sírio respondia a declarações feitas por Brahimi um dia antes, nas quais ele descartava um papel para o presidente Bashar al-Assad em um governo transitório e pedia para que o líder do partido Baath renunciasse. "Na Síria... o que as pessoas estão dizendo é que uma família governando por 40 anos é um pouco demais", disse Brahimi à BBC, referindo-se a Assad, que herdou seu cargo do pai, Hafez al-Assad, que por sua vez tomou o poder em 1970 e governou por 30 anos. "O presidente Assad poderia assumir a liderança na resposta à aspiração de seu povo em vez de resistir a ela", disse o veterano diplomata argelino, indicando que o líder sírio deveria sair. O Ministério das Relações Exteriores em Damasco disse que ficou muito surpreso com as declarações de Brahimi, que mostraram que "ele tende flagrantemente para os que conspiram contra a Síria e o seu povo". Brahimi não teve mais sucesso do que seu antecessor, Kofi Annan, em sua busca por uma solução política para o conflito de 21 meses, em que mais de 60.000 pessoas morreram. Até agora, rivalidades regionais e divisões entre as grandes potências frustraram qualquer abordagem coordenada ao levante, um dos mais sangrentos a surgir da série de revoltas no mundo árabe. Diplomatas russos e norte-americanos, que apoiam lados opostos da guerra, vão se reunir com Brahimi em Genebra na sexta-feira. "MÁSCARA DE IMPARCIALIDADE" O jornal sírio Al-Watan disse que Brahimi retirou a sua "máscara de imparcialidade", revelando sua face verdadeira como uma "ferramenta para a implementação da política de alguns países ocidentais". No domingo, Assad, fazendo seu primeiro discurso público em seis meses, não ofereceu concessões e disse que nunca iria conversar com inimigos que ele chama de terroristas e de fantoches do Ocidente. Enquanto os esforços de paz derrapavam, os rebeldes lutavam por uma base aérea estratégica pelo segundo dia, continuando uma guerra civil que recuou brevemente para alguns moradores de Damasco, que deixaram as diferenças de lado para brincar em uma rara nevasca que cobriu de branco a cidade. Durante algumas horas, as pessoas na capital trocaram as armas pelas bolas de neve e o ódio por risadas. "Na noite passada, pela primeira vez em meses, escutei risada em vez de artilharia. Até mesmo as forças de segurança deixaram de lado as armas e nos ajudaram a fazer um boneco de neve", disse Iman, morador do bairro central de Shaalan, via Skype. (Reportagem adicional de Oliver Holmes e Erika Solomon em Beirute e Mohammed Abbas em Londres)

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