Síria diz que intromissão do TPI complica solução para o conflito

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Um apelo de quase 60 países para que supostos crimes de guerra ocorridos na Síria sejam investigados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) está "complicando a situação e atrapalhando a busca pelo fim da crise", segundo o embaixador sírio na ONU. Em carta ao Conselho de Segurança da ONU, o diplomata Bashar Ja'afari também pediu a suspensão das sanções impostas ao seu país pela União Europeia, os Estados Unidos e outros, sob a alegação de que se trata de uma punição coletiva ao povo sírio. "Elas contribuíram decisivamente para a deterioração da situação humanitária no país, ao violar os direitos dos sírios e privá-los de matérias-primas tão básicas quanto combustível, comida e remédios", escreveu Ja'afari na carta datada de 18 de janeiro, mas que só foi divulgada na sexta-feira. A ONU diz que mais de 60 mil pessoas já morreram em 22 meses de revolta contra o presidente da Síria, Bashar al Assad, num movimento que começou com protestos pacíficos, mas foi duramente reprimido pelas forças do governo e deu origem a uma guerra civil. Na semana passada, quase 60 países pediram ao Conselho de Segurança que remeta a situação da Síria ao TPI, que funciona em Haia e que tem poder para julgar indivíduos por crimes de guerra, genocídios e crimes contra a humanidade. Mas a Rússia, tradicional aliada de Assad com poder de veto no Conselho, se opôs à iniciativa, qualificando-a de "inoportuna e contraproducente". Ja'afari disse que a Síria partilha da preocupação internacional com a crise humanitária em seu país e com os abusos aos direitos humanos cometidos por "grupos terroristas armados" - expressão que o governo de Assad costuma usar para se referir aos rebeldes. "No entanto, o governo sírio acha lamentável que esses Estados tenham persistido em sua abordagem perigosamente distorcida, ao se recusarem a reconhecer o dever do Estado sírio de proteger seu povo do terrorismo imposto do exterior", escreveu ele. O governo de Assad repetidamente acusa Arábia Saudita, Catar, Turquia, EUA e outros governos ocidentais de apoiarem e armarem os rebeldes. Esses governos negam que estejam dando armas aos insurgentes. (Por Michelle Nichols)

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