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Síria tem submetido civis a punições em massa, diz painel da ONU

Por STE
Atualização:

O governo da Síria tem submetido os civis a punições coletivas e suas forças continuam sendo acusadas de perpetrar execuções e prisões em massa no bairro de Baba Amr, em Homs, disseram investigadores da Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira. Falando ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em nome de um painel independente, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro afirmou que os autores desses crimes precisam enfrentar a Justiça. Ele não deu o nome de nenhum suspeito. O painel composto por três integrantes, porém, afirmou no mês passado que redigiu uma lista confidencial de suspeitos de estarem por trás dos supostos crimes contra a humanidade, incluindo homicídio e tortura. A ideia é que sejam processados por uma entidade respeitável. Um mês de bombardeio incessante das forças sírias levou morte e destruição a Baba Amr, disse Pinheiro, o presidente do painel. "Aqueles que fugiram da área relataram a ocorrência de execuções sumárias e campanhas arbitrárias de detenção em massa", ele afirmou em discurso ao fórum de 47 membros, em Genebra, na Suíça. Pinheiro disse à Reuters: "Essas são acusações que recebemos com relação às forças do governo." A situação humanitária e de direitos humanos está dia a dia mais desoladora em bairros de Homs, Idlib, Hama, na zona rural de Damasco e de Deraa, afirmou ele. "O que está claro é que os civis continuam a enfrentar a força da violenta disputa...A força usada pelo governo contra grupos armados frequentemente levou à punição coletiva de civis." A ONU diz que bem mais do que 7.500 pessoas morreram em um ano de protesto contra o governo do presidente Bashar al-Assad. Entre elas estão mais de 500 crianças e o "número está subindo", afirmou Pinheiro. A missão de Kofi Annan, enviado especial conjunto da ONU e da Liga Árabe para a Síria, deve ser apoiada para ajudar a promover uma solução pacífica à crise, acrescentou ele. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que Assad tome medidas nos próximos dias com relação às propostas da ONU e da Liga Árabe para levar paz à Síria. O embaixador da Síria na ONU em Genebra, Faysal Khabbaz Hamoui, classificou como "politizado" o trabalho do painel da ONU. "Ele perdeu sua marca legal e ética", afirmou em discurso. "A crise não se deve a protestos pacíficos nem a demandas por reforma. A crise se deve à influência de partes externas determinadas em atingir meu país, promovendo uma guerra de mídia contra a Síria e impondo sanções econômicas contra a população síria."

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