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Sírios fogem para Turquia temendo repressão

Por KHALED YACOUB OWEIS
Atualização:

Mais de 2.400 sírios fugiram para a Turquia temendo uma repressão do Exército em seu país, disseram autoridades na quinta-feira, em mais um sinal de que o conflito entre o presidente Bashar al-Assad e os manifestantes está afetando os países vizinhos. A opinião pública no Ocidente está chocada com o derramamento de sangue na Síria, no momento em que a população segue o exemplo de outros países árabes para tentar derrubar um governo autocrático. Grã-Bretanha, França, Alemanha e Portugal pediram ao Conselho de Segurança da ONU para que condene Assad. No entanto, a Rússia, que tem poder de veto, se opõe a qualquer medida do conselho. As potências mundiais não demonstraram interesse em qualquer tipo de intervenção militar semelhante à utilizada contra a Líbia. Moradores na região disseram que cerca de 40 tanques e veículos militares se deslocaram por aproximadamente 7 quilômetros de Jisr al-Shughour, cidade no noroeste da Síria com uma população de 50 mil pessoas. De acordo com autoridades, "gangues armadas" mataram mais de 120 membros das forças de segurança no início da semana na cidade. Segundo outras informações, militares leais a Assad entraram em confronto com soldados dissidentes que se recusaram a disparar contra civis durante uma manifestação pró-democracia em Jisr al-Shugour. A Síria tem proibido a maior parte da mídia independente no país, tornando difícil verificar os dados sobre a violência. "Jisr al-Shughour está praticamente vazia. As pessoas não vão ficar sentadas para serem massacradas como ovelhas", disse um refugiado que atravessou para a Turquia. "Manifestações nas vilas ainda estão acontecendo. Mulheres e crianças estão levando flores e gritando 'o povo quer a queda do regime'", disse. Rami Abdulrahman, do Observatório Sírio para Direitos Humanos, disse que ao menos 15.000 soldados estavam sendo mobilizados perto de Jisr al-Shughour. O chanceler turco, Ahmet Davutoglu, afirmou que o número de refugiados sírios que cruzaram a fronteira nesta semana chegou a 2.400. Ele disse a repórteres durante uma cúpula em Abu Dhabi que é hora de a Síria agir "mais decisivamente" em reformas políticas propostas por Assad. O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, declarou a uma rádio turca: "A Síria está nos causando preocupação". "Nós sempre manteremos nossas portas abertas para nossos irmãos e irmãs sírios", acrescentou ele. Assad, de 45 anos, prometeu reformas, mesmo durante a repressão de protestos que se tornaram a ameaça mais grave a seu regime de 11 anos. "A Síria está comprometida com as missões de reforma sob a liderança do presidente Bashar al-Assad e afirma que não permite qualquer intervenção estrangeira", disse uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores, segundo a agência de notícias estatal.

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