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Sob ceticismo ocidental, Irã promove conferência sobre a Síria

Por MARCUS GEORGE
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O Irã promove na quinta-feira uma conferência internacional que buscará uma solução para o conflito da Síria, mas a iniciativa foi recebida com ceticismo por governos ocidentais. Uma dúzia de países não especificados deve participar do encontro, mas há dúvidas sobre se nações relevantes para a crise estarão presentes. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que o evento será uma oportunidade para "substituir os confrontos militares por abordagens políticas e locais para a resolução das disputas". Um diplomata iraniano disse nesta semana que os participantes são países com uma "“posição correta e realista" a respeito do conflito, o que indica que nenhuma nação favorável à oposição síria estará presente. "O apoio da República Islâmica ao regime de Assad dificilmente será compatível com uma tentativa genuína de conciliação entre as partes", disse um diplomata ocidental em Teerã. Outra fonte diplomática disse que o governo iraniano está tentando ampliar a base de apoio ao presidente sírio, Bashar al Assad. O governo xiita do Irã é, com Rússia e China, um dos maiores aliados internacionais de Assad, que há 17 meses reprime uma insurgência protagonizada por membros da maioria sunita da Síria. Teerã acusa governos ocidentais e árabes - especialmente a Arábia Saudita - de fomentarem o terrorismo na Síria, ao armarem grupos de oposição. Já os rebeldes sírios dizem que o Irã está enviando militares à Síria e fornecendo armas leves, além de capacitação tática e de comunicações para as forças governamentais. O Irã resiste a qualquer proposta de acordo que inclua o afastamento de Assad do poder, e não há sinal de que possa adotar uma nova posição, apesar dos recentes reveses para o governo sírio, como a deserção do seu primeiro-ministro, ocorrida nesta semana. A crise na Síria abalou as relações do Irã com a vizinha Turquia, que já organizou reuniões da oposição síria, oferece assistência a refugiados sírios e exige a saída de Assad. "O Irã deseja esforços coordenados entre os países que não aceitam a abordagem ocidental e saudita para a Síria", disse Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã. "É uma força contrária à reunião dos chamados Amigos da Síria". O envolvimento iraniano na crise se tornou mais complexo devido ao sequestro pelos rebeldes de um ônibus com 48 iranianos, no sábado. O Irã disse inicialmente que o grupo havia ido em peregrinação a Damasco, mas os rebeldes os acusam de serem militares enviados para ajudar Assad. Nesta quarta-feira, a chancelaria iraniana afirmou que alguns dos sequestrados eram membros aposentados das forças militares e da Guarda Revolucionária do Irã. (Reportagem adicional de Yeganeh Torbati)

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