Taleban prega boicote eleitoral e faz ameaças no Afeganistão

Quase 2,5 mil candidatos disputam as 249 cadeiras em eleições parlamentares no sábado

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Por JONATHON BURCH E SAYED SALAHUDDIN
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O Taleban alertou nesta quinta-feira que vai tentar perturbar a eleição parlamentar de sábado, no Afeganistão, e conclamou a população a boicotar o pleito, enquanto observadores do processo eleitoral apontaram conivência das autoridades com fraudes. Quase 2.500 candidatos disputam as 249 cadeiras da Wolesi Jirga (Câmara dos Deputados), numa eleição que serve de teste para a estabilidade do país num momento em que os EUA se inclinam por retirar suas tropas do Afeganistão. A credibilidade do presidente Hamid Karzai e de seus aliados também está em jogo, depois de uma eleição presidencial marcada por suspeitas de fraude no ano passado. Observadores alertam que uma nova crise por causa de polêmicas eleitorais poderia ser aproveitada pelo Taleban. O grupo islâmico voltou a fazer ameaças de violência contra o pleito, no qual estão habilitados a votar 11,4 milhões de afegãos. "Conclamamos nossa nação muçulmana a boicotar esse processo e assim impedir todos os processos estrangeiros e expulsar os invasores do nosso país, atendo-nos à jihad e à resistência islâmica", disse o Taleban em nota. O governo de Karzai diz ter condições de garantir a segurança a todos os eleitores no sábado, com apoio de 150 mil soldados estrangeiros. Mas a comissão de fiscalização eleitoral do país disse que dois funcionários eleitorais foram baleados na quarta-feira no norte do Afeganistão. Paralelamente, a Fundação Independente por Eleições Livres e Justas no Afeganistão criticou a Comissão de Queixas Eleitorais, um órgão subordinado à ONU, por sua suposta conivência em relação a irregularidades por parte do governo. Das mais de 580 queixas registradas, 310 se referem a acusações contra autoridades do governo, segundo a Fundação. Em Jalalabad (leste), centenas de manifestantes entraram em choque com a polícia durante um protesto por mais seções eleitorais. "Isso é um complô do governo e eles estão fazendo isso deliberadamente. Eles não querem que essas pessoas tenham sucesso na eleição. Estão nos maltratando e queremos mais seções eleitorais", disse o manifestante Gulab Shah à TV Reuters. Um Uruzgan (sul), soldados alvejaram um manifestante armado que tentou entrar num posto militar das tropas estrangeiras, em mais um protesto contra o pastor norte-americano que ameaçou queimar Alcorões no dia 11 de setembro -- algo de que acabou desistindo. Um porta-voz da Isaf (força da Otan no Afeganistão) disse que o homem foi levado por outros manifestantes, e não se sabe seu estado. (Reportagem adicional de Tim Gaynor e Hamid Shalizi)

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