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Trégua entre Israel e Gaza se mantém, apesar da desconfiança

Por NIDAL AL-MUGHRABI E ALISTAIR LYON
Atualização:

Um cessar-fogo entre Israel e os palestinos de Gaza estava sendo respeitado nesta quinta-feira, após oito dias de conflito, mas a profunda desconfiança de parte a parte gera dúvidas sobre até que ponto o acordo mediado pelo Egito poderá durar. Mesmo depois da entrada em vigor do cessar-fogo, na noite de quarta-feira, uma dúzia de foguetes da Faixa de Gaza caiu em Israel, todos em áreas descampadas, segundo um porta-voz policial. Em Gaza, testemunhas relataram uma explosão logo depois do início da trégua, às 21h (17h em Brasília), mas não houve vítimas, e a causa não está esclarecida. O acordo evita, ao menos por enquanto, uma invasão terrestre israelense no território palestino, após incidentes que mataram 5 israelenses e 162 moradores de Gaza, incluindo 37 crianças. O líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, disse que seu movimento islâmico irá respeitar a trégua se Israel o fizer, mas que reagirá a eventuais violações. "Se Israel cumprir, nós vamos cumprir. Se Israel não cumprir, nossas mãos estão no gatilho", disse ele a jornalistas no Cairo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que disputa um novo mandato dentro de dois meses, disse à população que aceitou "esgotar essa oportunidade para uma trégua prolongada", mas que uma abordagem mais dura pode ser necessária no futuro. Se respeitada, a trégua garantirá aos 1,7 milhão de moradores de Gaza um alívio após vários dias de ferozes bombardeios aéreos, além de conter a saraivada de foguetes disparados por militantes palestinos, que enervavam a população do sul de Israel e pela primeira vez atingiram as regiões de Tel Aviv e Jerusalém. FESTA EM GAZA "Allahu Akbar (‘Deus é grande'), caro povo de Gaza, vocês venceram", berraram os alto-falantes de uma mesquita na região, na hora em que a trégua entrou em vigor. "Vocês quebraram a arrogância dos judeus." Depois de 15 minutos, tiros disparados em celebração ecoaram pelas ruas escuras de Gaza, que gradualmente se encheram de pessoas agitando bandeiras palestinas. Mulheres comemorando foram para as janelas, e fogos de artifício iluminavam o céu. Meshaal agradeceu ao Egito pela mediação, que foi apoiada pelos EUA, e elogiou o Irã por oferecer dinheiro e armas a Gaza. "Saímos desta batalha de cabeça erguida", afirmou, acrescentando que Israel fracassou na sua "aventura". Alguns israelenses realizaram protestos contra o acordo, especialmente na cidade de Kiyat Malachi (sul), onde três israelenses foram mortos por um foguete de Gaza durante o conflito, segundo a Rádio do Exército. "Sei que há cidadãos esperando uma ação militar mais severa, e talvez precisemos disso", afirmou Netanyahu. Netanyahu, favorito para conquistar um novo mandato nas eleições de janeiro, já havia transmitido uma mensagem semelhante em uma conversa telefônica com o presidente dos EUA, Barack Obama, segundo seu gabinete. O texto prevê também que Israel atenue suas restrições ao movimento de pessoas e produtos na Faixa de Gaza, que está submetida a um bloqueio qualificado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, como uma "prisão a céu aberto". Os procedimentos para que o bloqueio seja atenuado serão definidos nas próximas 24 horas, segundo o texto. Israel realizou mais de 1.500 ataques nessa ofensiva que começou com a morte de um chefe militar do Hamas e tinha o objetivo declarado de impedir que militantes disparassem foguetes. Fontes médicas em Gaza dizem que 162 palestinos morreram durante a ofensiva, sendo mais de metade deles civis, incluindo 37 crianças e 11 mulheres. Quase 1.400 foguetes foram disparados contra Israel, matando quatro civis e um soldado, segundo militares. (Reportagem adicional de Noah Browning, em Gaza; Ori Lewis, Allyn Fisher-Ilan, Crispian Balmer e Dan Williams, em Jerusalém; Yasmine Saleh, Shaimaa Fayed e Tom Perry, no Cairo; Suleiman al-Khalidi, em Amã; e Margaret Chadbourn, em Washington)

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