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Tribunal ligado à ONU formaliza acusações pela morte de Hariri

Quatro pessoas são apontadas como responsáveis pela morte de ex-líder libanês

Por MARIAM KAROUNY
Atualização:

BEIRUTE

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 - O tribunal libanês que investiga com apoio da ONU o assassinato do ex-premiê Rafik al Hariri, ocorrido em 2005, formalizou na quinta-feira seus indiciamentos e emitiu quatro mandados de prisão, segundo um promotor.

O líder oposicionista Said al Hariri, filho do político morto, qualificou a decisão como um "momento histórico", e pediu ao governo de Najib Mikati que coopere com a corte.

O promotor Saeed Mirza não revelou o conteúdo dos indiciamentos, mas tudo indica que quatro membros do grupo xiita Hezbollah foram vinculados ao atentado a bomba de 14 de fevereiro de 2005, que matou Hariri e 22 outras pessoas em Beirute.

O Hezbollah, que atua como partido político e como guerrilha, e que tem grande influência no recém-formado gabinete de Mikati, nega envolvimento no assassinato de Hariri e diz que o tribunal está a serviço de Israel e dos Estados Unidos.

O grupo promete não entregar nenhum dos seus membros, e diz que o Líbano deveria parar de cooperar com a corte, retirar os juízes libaneses e cortar o financiamento.

Em nota redigida com termos cuidadosos, o gabinete de Mikati, formado há apenas duas semanas, após meses de disputas políticas, disse na quinta-feira apenas que "salienta a (importância da) verdade no crime contra Rafik al Hariri", e que irá monitorar os progressos do tribunal.

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Mikati diz que seu governo irá respeitar os compromissos internacionais assumidos pelo Líbano, a não ser que surja um consenso em contrário - o que é improvável diante do continuado apoio de Saad al Hariri ao trabalho do tribunal.

"O governo libanês está convidado politicamente, nacionalmente, legalmente e eticamente, a implementar seus compromissos com relação ao tribunal. Não há razão para ninguém fugir dessa responsabilidade", disse Saad al Hariri em nota.

"É hora de pôr um fim nos episódios de homicídios. A era dos assassinatos acabou, e a hora da justiça está próxima."

Os indiciamentos já haviam criado uma crise política em janeiro, quando foram submetidos a um juiz de instrução. O impasse derrubou o governo de unidade nacional que era comandado por Saad al Hariri, e que contava com a presença do Hezbollah. Aquele indiciamento ao juiz de instrução continua em sigilo até hoje, mas sabe-se que eles receberam duas emendas.

A forte reação internacional ao crime de 2005 na época acabou levando a Síria, aliada do Hezbollah, a encerrar seus 29 anos de presença militar no Líbano.

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