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UE promete retomar ajuda energética a Gaza nesta quarta

Após cinco dias sem luz, combustível voltará a ser enviado, se usina da região passar a ser auditada

Por Associated Press
Atualização:

Doadores europeus prometeram nesta terça-feira, 21, retomar a ajuda energética aos moradores da Faixa de Gaza depois de cinco dias sem luz no território palestino litorâneo. A União Européia (UE) anunciou que o combustível usado no funcionamento das usinas voltará a ser enviado na quarta, mas quer que a usina passe a ser auditada. Hamas pede que UE investigue denúncias de desvio de verba A promessa da UE veio à tona horas depois de líderes do Hamas em Gaza terem convidado o bloco a enviar uma equipe de investigadores para apurar denúncias de desvio do dinheiro enviado pela entidade na forma de ajuda energética aos palestinos. Na segunda, a UE havia anunciado a suspensão dos repasses depois de o movimento Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, ter acusado o Hamas de desviar o dinheiro da ajuda energética para outros fins. Líderes do grupo islâmico negam a acusação da facção rival e denunciam que um ex-diretor filiado ao Fatah seria o verdadeiro responsável pelo desvio de dinheiro. Sem energia suficiente para manter em funcionamento as centrais de distribuição, a companhia de saneamento básico impôs um racionamento de água. A crise energética começou na semana passada, quando Israel fechou um entroncamento de fronteira pelo qual passavam caminhões de combustível usado em geradores e agravou-se com a decisão européia de suspender os repasses enquanto o Hamas não oferecer garantias de que não há desvio. Nos últimos dias, nos quais as temperaturas chegaram a 34ºC no território palestino litorâneo, pelo menos a metade dos 1,4 milhão de habitantes de Gaza ficou sem energia elétrica por causa da crise. Nesta terça, o líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniye, disse que seu governo não desviou nenhum dinheiro da companhia energética ajudada pela UE. Ele qualificou a denúncia como uma tentativa de Abbas de colocar o Hamas em descrédito e acusou a UE de fazer o jogo do Fatah. "Nós desafiamos quem quer que diga que o governo desviou um único Shekel do orçamento da companhia ou um litro de óleo diesel", disse Haniye durante entrevista coletiva concedida nesta terça em Gaza. "Nós receberemos qualquer comissão de inquérito para investigar que não estamos envolvidos nos negócios com eletricidade em Gaza", prosseguiu Haniye, que era primeiro-ministro palestino quando Abbas dissolveu o governo depois que o Hamas assumiu o controle do território pela força, em junho último. A Comissão Européia - órgão executivo da UE - informou que decidiu retomar a ajuda energética em caráter provisório e por "razões humanitárias". Alix de Mauny, porta-voz da comissão, disse que a UE promoverá uma auditoria em conjunto com o governo de Abbas. Novos meios de controle serão imediatamente implementados caso os auditores julguem necessário, prosseguiu ela. Mohammed Madhoun, assessor de Haniye, recebeu com satisfação a notícias, mas se opôs à participação de integrantes do governo de Abbas na auditoria. No domingo, a UE parou de pagar pelo combustível utilizado nos geradores da Companhia Geradora de Gaza, que atendem à demanda de cerca de metade da população de Gaza e ontem informou que os repasses serão retomados somente depois da confirmação de que o Hamas não estaria "desviando" as receitas com eletricidade. O Hamas assumiu o controle total de Gaza em meados de junho, quando derrotou militarmente o Fatah. O movimento de Abbas, que ficou com o controle da Cisjordânia, acusa o Hamas de ter embolsado a ajuda energética da UE. No mês passado, entretanto, o Hamas deteve o diretor-executivo da companhia elétrica, filiado ao Fatah, com base em acusações de corrupção e desvio de dinheiro. Nas últimas semanas, agentes do Hamas promoveram uma campanha de porta em porta para arrecadar o dinheiro de pagamentos atrasados das contas de luz entre os habitantes de Gaza. Enquanto o Hamas nega que controle diretamente a companhia, o Fatah insiste que a detenção do diretor é uma evidência de que o grupo controla a empresa.

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