
24 de abril de 2009 | 11h32
O Congresso Nacional Africano (CNA)mantém mais de dois terços dos votos válidos das eleições gerais realizadas na quarta-feira na África do Sul, enquanto a apuração avança lentamente, informou nesta sexta-feira, 24, a Comissão Eleitoral Independente. Se for confirmado ao final da apuração que o CNA tem mais de dois terços dos votos, o partido governamental obteria uma representação proporcional na Assembleia Nacional, com a qual poderia reformar a Constituição e adotar medidas extraordinárias sem alianças com outros partidos.
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Segundo dados mais recentes e com uma participação avaliada em 77% (embora não seja uma porcentagem definitiva) dos 21,3 milhões de eleitores inscritos, resta a contagem de 15% dos votos, cerca de 2,5 milhões. O CNA - liderado por Jacob Zuma - obteve 66,59% dos votos. Neste pleito regional, o CNA também conseguiu, até agora, a maioria em oito das nove províncias do país, enquanto a Aliança Democrática vence em Cabo Ocidental, onde fica Cidade do Cabo, cuja atual prefeita é Zille.
Em segundo lugar, está a liberal Aliança Democrática (DA, em inglês), liderada por Helen Zille, com 15,91% dos votos. O terceiro lugar é do Congresso do Povo (Cope), uma cisão do CNA surgida com força por causa da destituição pelo próprio partido do anterior presidente, Thabo Mbeki, que conseguiu 7,51%. O quarto é o Partido Inkhata da Liberdade (IFP, em inglês), de Mangosuthu Buthelezi, com 4,45%.
A apuração desacelerou e, embora espera-se que os resultados provisórios totais estejam prontos nesta sexta, será preciso esperar o fim de semana para que a Comissão Eleitoral os torne oficiais, segundo a própria presidente do órgão, Brigalia Bam. Os 23.181.997 eleitores registrados na África do Sul foram convocados às urnas para escolher os 400 membros da Assembleia Nacional - que designa depois o presidente - e as câmaras legislativas das nove províncias do país.
A oficialização de Zuma como presidente, contudo, deve levar mais algum tempo. É que a eleição na África do Sul é indireta. Ao votar nos partidos, os eleitores elegeram um Parlamento. O líder do partido mais votado será homologado presidente
Líder branca "Godzille"
Como indicavam as pesquisas, o Congresso Nacional Africano (CNA) venceu fácil as eleições sul-africanas e Jacob Zuma, líder do partido, será o novo presidente da África do Sul. No entanto, a grande surpresa foi a votação obtida pela Aliança Democrática (AD), partido branco liderado por Helen Zille, que se tornou a principal voz oposicionista do país.
Segundo analistas, outro fato marcante da eleição foi o desaparecimento dos pequenos partidos, o que seria o prenúncio de um bipartidarismo - ou tripartidarismo, se o Cope se firmar. Quem também desapareceu do mapa foi o Inkatha, partido nacionalista zulu, de Mangosuthu Buthelezi, que teve uma votação nacional insignificante e foi varrido até de seu reduto eleitoral, a Província de Kwazulu-Natal.
Política carismática e inovadora, Helen é prefeita de Cidade do Cabo e muito popular na Província de Western Cape. Jornalista e ativista antiapartheid, ela ganhou da imprensa sul-africana o apelido de "Godzille" por falar grosso com seus adversários.
De acordo com analistas, o crescimento da AD mostra que o partido pode se tornar, em breve, uma oposição viável ao CNA. Na primeira eleição democrática da África do Sul, em 1994, o partido obteve menos de 2% dos votos. Na última votação, em 2004, chegou a 12%. Desde que assumiu a AD, em 2007, Helen fez de tudo para expandir sua base eleitoral, e parece ter conseguido.
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