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Bolívia nega salvo-conduto a senador refugiado na Embaixada brasileira

Governo de Evo Morales afirma que político responde a vários processos judiciais

Por EFE
Atualização:

LA PAZ - A ministra de Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, afirmou nesta quinta-feira, 19, que o governo de Evo Morales não pode dar um salvo-conduto ao senador opositor Roger Pinto, refugiado há 52 dias na Embaixada do Brasil, por responder a diversos processos judiciais.

 

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"A Constituição diz que o Estado boliviano não pode conceder um salvo-conduto e não pode aceitar um asilo político para uma pessoa que tem processos na justiça ordinária por causas que têm a ver com delitos comuns.", declarou Amanda aos meios de comunicação em La Paz.

 

Amanda reiterou que lamenta as supostas pressões do embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, e acusou o diplomata de assumir uma voz política para que Pinto consiga um salvo-conduto. O senador, refugiado na embaixada brasileira desde 28 de maio, alega que é vítima de perseguição política por acusar o presidente Evo Morales de corrupção e conivência com o narcotráfico. O presidente continua sendo líder dos principais sindicatos bolivianos de produtores de coca, base para fabricar cocaína.

 

O Brasil concedeu asilo ao parlamentar, mas o governo boliviano se nega a dar o salvo-conduto para que Pinto possa viajar ao país. O embaixador brasileiro, segundo Amanda, está "um pouco angustiado e pressionado pela situação que tem na embaixada". Ela ainda sustentou que "assim como abriu as portas (a Pinto), o país tem o dever moral e a obrigação de assumir as consequências disso".

 

"Isso significa ter paciência e calma para que esta situação se resolva da melhor maneira possível, mas sobretudo em cumprimento às disposições legais e a Constituição.", disse a ministra boliviana. Amanda acrescentou que o caso do senador não influenciou nas relações bilaterais entre os países, pois, segundo ela, "não é um problema entre Bolívia e Brasil especificamente".

 

Uma fonte da chancelaria disse que Biato se reuniu com autoridades bolivianas para tratar do caso, mas não deu detalhes sobre quem o recebeu nem os resultados da reunião. Desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de dirigentes de oposição buscaram refúgio no Brasil, no Paraguai, nos Estados Unidos, no Peru e na Espanha, entre outros países, após acusar o Governo de perseguição política.

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