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As palavras de Trump sobre Jerusalém

Embora não haja referência à demanda palestina pela parte oriental, palavras escolhidas na proclamação oficial da Casa Branca sobre Jerusalém abrem margem para parte da cidade ser reconhecida como capital de eventual Estado palestino

Por Hélio Gurovitz
Atualização:

No reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, Donald Trump tomou o cuidado de não adotar a posição oficial do governo israelense. Num gesto destinado a atender a anseios de governantes do mundo árabe, para quem Jerusalém é questão sensível, as palavras escolhidas abrem margem para parte da cidade se tornar um dia capital de um eventual Estado palestino.

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Mudar embaixada foi decisão política, não diplomática

“Os limites específicos da soberania israelense em Jerusalém estão sujeitos ao status final nas negociações entre as partes”, diz a proclamação da Casa Branca. “Os EUA não estão tomando posição a respeito de limites ou fronteiras.” Embora não haja referência à demanda palestina pela parte oriental, o fraseado aproxima a posição americana da adotada por países como Rússia ou República Checa, que reconhecem “Jerusalém Ocidental” como capital israelense e “Jerusalém Oriental” como capital palestina.

Trump exibe proclamação assinada na quarta-feira reconhecendo Jerusalém como capital de Israel Foto: EFE/Jim Lo Scalzo

O sentido dessas expressões é incerto. A principal referência para determinar o que fica de cada lado da cidade são as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967. Do lado ocidental, ficam as sedes do governo, que tornam Jerusalém a capital israelense para fins práticos. Do oriental, locais sagrados para muçulmanos, cristãos e judeus, dentro da Cidade Velha, cuja soberania os israelenses não admitem negociar. Para Israel, não custa lembrar, “Jerusalém Ocidental” não existe. Só existe uma Jerusalém, sua capital “eterna e indivisível”.

Em documentos, Jerusalém não é Israel

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Nos passaportes emitidos pelos EUA, o local de nascimento continuará, até ordem em contrário, a ser apontado como Jerusalém para os nascidos lá - e não Israel, como para nascidos noutras cidades israelenses.

A nova intifada e ‘House of Cards’

De um observador experimentado do conflito no Oriente Médio: “Intifada é que nem House of Cards. A primeira temporada é melhor que a segunda. A segunda, melhor que a terceira. E etc.” Apesar da ira nas declarações do Hamas, a nova revolta não deverá ter o mesmo impacto das anteriores. O poder de fogo do grupo foi reduzido por força das ações de Israel nos últimos 30 anos. A rebelião não interessa a potências regionais como Egito e Arábia Saudita. As lideranças locais nos territórios ocupados, controladas por ONGs ou pela Autoridade Palestina (AP), também não querem saber de violência. O próprio Hamas fez recentemente um acordo com a AP, pelo qual, em nome da unidade palestina, cede o controle de Gaza e prevê entregar as armas.

A arte de Bin Salman na Palestina

Em 6 de novembro, dois dias depois de mandar prender 11 primos no expurgo da família real saudita, o jovem príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, de 32 anos, e o genro de Trump, Jared Kushner, de 36 anos, apresentaram ao líder palestino Mahmoud Abbas uma proposta de paz que foi escorraçada. Ela estabelecia a capital da Palestina em Abu Dis, subúrbio de Jerusalém, na Cisjordânia. 

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A arte de Da Vinci em Abu Dhabi

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O Wall Street Journal chegou a noticiar que, em 15 de novembro, Bin Salman comprou o Salvator Mundi, atribuído a Leonardo da Vinci, por US$ 450,3 milhões, maior valor já pago por uma obra de arte. A leiloeira Christie’s informou que o quadro “foi adquirido” pelo Louvre de Abu Dhabi. Graças à transação, depois de levar um tombo em 2016, o mercado de leilões voltará ao tamanho de 2010.

Cansado de “fake news”? Vem aí o “fake video”

Quem anda preocupado com notícias falsas na campanha eleitoral deve se preparar para o próximo passo no mundo da desinformação: vídeos falsos. Em breve será possível falsificar imagens e até vozes, como a de Trump no vídeo que foi vazado antes da eleição, em que ele se gabava de proezas sexuais. “É o tipo de conteúdo que a tecnologia será capaz de fabricar de modo convincente no curto prazo”, escreve a pesquisadora Evelyn Douek, da Escola de Direito de Harvard.

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