Vice-presidente qualifica de 'golpe' novo processo de impeachment contra PPK

Destituição do presidente peruano, acusado de ter sido beneficiado ilegalmente pela Odebrecht, será votada no dia 22

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LIMA - A segunda vice-presidente do Peru, Mercedes Aráoz, que poderá suceder a Pedro Pablo Kuczynski (PPK) caso ele seja destituído pela votação de impeachment a que será submetido no dia 22, declarou nesta sexta-feira, 16, que o novo processo de impedimento presidencial aprovado pelo Congresso tem a intenção de dar "um golpe de Estado parlamentar". Kuczynski é acusado de ter sido beneficiado ilegalmente pela empreiteira brasileira Odebrecht em pelo menos duas oportunidades.

+ Presidente do Peru enfrentará novo processo de impeachment por ligação com Odebrecht

Assim como o processo de impeachment enfrentado por PPK no fim de dezembro, a nova moção - aprovada por 87 congressistas, o exato número de votos necessários para a destituição - pretende declarar a presidência vaga por "incapacidade moral" do presidente.

Presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, e sua segunda-vice-presidente, Mercedes Aráoz, durante evento em 2017 Foto: REUTERS/Mariana Bazo

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"Há uma possibilidade de um golpe de Estado parlamentar. Não é porque queiram derrubar somente o presidente. Querem derrubar o procurador do país, o Tribunal Constitucional, tomar todo o poder", disse Aráoz, que também é legisladora, afirmando que "a capacidade de (PPK) ter o voto de confiança" está sendo limitada. "Querem tomar todo o poder a partir do Parlamento."

A vice-presidente também declarou que "é inaceitável que tenham revelado informação privada" sobre transferências de dinheiro que PPK fez nos últimos anos para seu ex-advogado e atual congressista Gilbert Violeta e a seu motorista pessoal. 

De acordo com um relatório da Unidade de Inteligência Financeira, Kuczynski tranferiu US$ 89.182 a Violeta e mais de US$ 600 mil a seu motorista José Luis Bernaola, entre 2005 e 2016. Essas informações foram fornecidas à comissão parlamentar que investiga os desdobramentos da Operação Lava Jato no Peru. Aráoz qualificou-as como "vieses, más intenções e uso de informação reservada com fins políticos".

Depoimento

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PPK recebeu nesta sexta em sua casa integrantes do comitê do Congresso responsável pela investigação da Lava Jato no país, para ser interrogado a respeito de seus vínculos com a Odebrecht.

Quando enfrentou a votação de impeachment em 21 de dezembro, Kuczynski foi acusado de ter mentido sobre uma consultoria de US$ 782 mil feita à Odebrecht quando ele era ministro da Economia do ex-presidente Alejandro Toledo, entre 2004 e 2006. Antes da revelação do negócio que manteve com a empreiteira brasileira, feita pela comissão parlamentar, PPK negava ter tido qualquer envolvimento com o caso. 

A campanha de Kuczynski pela presidência em 2011 - eleição na qual ele foi derrotado por Ollanta Humala - teria recebido US$ 300 mil da Odebrecht. PPK nega qualquer irregularidade.

"O mais importante é que hoje o presidente colabore. Aqui será respeitado seu direito à defesa", afirmou a congressista opositora Rosa Bartra, presidente da comissão parlamentar, antes de partir para o palácio do governo. O presidente seria questionado sobre as estradas Interoceânica Sul e Norte. A Odebrecht afirma que pagou US$ 20 milhões a Toledo para obter a licitação da obra, o que o ex-presidente nega. PPK era o ministro encarregado das licitações públicas, na época. / EFE e AFP

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