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Tropas sírias estão em alerta e se preparam para possível ataque americano

Militares reforçaram seus postos em todo o país; autoridades internacionais demonstraram apoio a uma investigação sobre o uso de armas químicas contra civis

Atualização:

BEIRUTE - Forças do governo sírio e seus aliados estão em alerta e tomam medidas cautelares em bases militares e postos controlados pelo governo por todo o país nesta terça-feira, 10. O temor é de que os Estados Unidos respondam militarmente ao suposto ataque com armas químicas de sábado, 8, segundo afirmaram grupos que monitoram a guerra no país. As medidas foram tomadas quando um funcionário iraniano de alto escalão, em visita a Damasco, alertou que a ação de Israel contra uma base aérea síria na segunda-feira, que matou iranianos, "não ficará sem resposta". A agência de notícias semi-oficial do Irã, Tasnim, afirmou que sete iranianos morreram. As vítimas já foram transferidas para a capital do país, Teerã, e os funerais em sua homenagem serão realizados nas cidades de origem de cada um.

Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de fontes para monitorar o conflito na Síria, informou que 14 militares morreram Foto: EFE/EPA/YOUSSEF BADAWI

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O suposto ataque com gás tóxico na cidade rebelde de Douma, a oeste de Damasco, e o ataque aéreo de Israel escalaram as tensões no Oriente Médio e aumentaram as possibilidades de uma retaliação americana iminente. O presidente americano Donald Trump ameaçou um ataque militar contra a Síria e prometeu responder "com força" ao que aconteceu em Douma. Ele alertou que a Rússia ou qualquer outra nação responsável pelo ato "irá pagar o preço".

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Ali Akbar Velayati, assessor de Ali Khamenei, líder supremo do Irã, divulgou que o governante chega a Damasco síria nesta terça-feira, segundo informou a agência estatal de notícias do país, a IRNA. O Irã é um dos apoiadores mais fortes do presidente Bashar al-Assad e já enviou milhares de homens armados para apoiar as forças do governo sírio. Informações sobre a movimentação de tropas no país também vieram do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). O grupo afirmou que as tropas sírias estão em alerta desde segunda-feira e fortificando suas posições. O chefe do OSDH, Rami Abdurrahman, disse que o alerta militar inclui todas as posições e bases do exército desde a província de Sweida, ao sul, até a província de Aleppo, ao norte, além da costa do Mediterrâneo a oeste da província de Deir el-Zour, ao longo da fronteira com o Iraque.

A Organização Sound and Picture, um coletivo ativista a leste da Síria, afirmou que combatentes iranianos e membros do Hezbollah evacuaram suas posições na área de Boukamal, perto da fronteira com o Iraque. Um político libanês próximo do governo sírio confirmou que medidas de precaução são tomadas em todo o país. O político, que concedeu entrevista em condição de anonimato por não ser autorizado a falar de movimentos militares secretos, disse que a atmosfera e as declarações americanas sugerem um possível ataque, mas que "não há indicações disso no terreno até agora".

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Investigação.

 Ativistas da oposição síria afirmam que 40 pessoas morreram no suposto ataque com gás tóxico, que vitimou civis na última resistência rebelde fora de Damasco. A oposição culpou as forças de Assad pelo ataque, mas tanto o governo como seus aliados russos negam responsabilidade. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou hoje que está indignado com a aparente decisão síria de utilizar armas químicas contra civis. Caso o uso de gás tóxico seja confirmado, constituiria uma violação do direito internacional, conforme ressaltou Guterres. Ele ainda reafirmou investigação sobre o ataque pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW).

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Em Moscou, o legislador Yevgeny Serberennikov disse que seu país está disposto a ajudar na organização de uma visita de especialistas ao local onde o suposto ataque com gás tóxico ocorreu, também citando a OPCW. Ele, que participa do comitê de defesa do Conselho da Federação, afirmou à agência RIA Novosti que a Rússia está ansiosa para que a OPCW "finalmente cumpra as funções para as quais foi criada". // AP

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