Ala de partido governista exige mudanças em meio a novos protestos no Paraguai

Aliados do ex-presidente Cartes ameaçam se unir a oposição paraguaia; país adota toque de recolher no horário das manifestações

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Por Redação
Atualização:

ASSUNÇÃO - Novos protestos ocorreram nas ruas de Assunção, no Paraguai, na madrugada desta quinta-feira, 18, após a Câmara dos Deputados rejeitar abrir um processo de impeachment contra o presidente Mario Abdo Benítez e seu vice, Hugo Velázquez, pela forma como o governo tem lidado com a pandemia de coronavírus. A sede do governista Partido Colorado foi incendiada e ocorreram confrontos com a polícia. 

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Desde março, Benítez vem sendo pressionado por manifestações populares que pedem sua renúncia. E não há sinais de que essa crise política pare rapidamente. O governo anunciou ontem restrição de circulação noturna em razão da pandemia, que coincide com o horário dos protestos.

O partido governista, dividido em duas alas atualmente - a de Benítez e a dos apoiadores do ex-presidente Horacio Cartes - se uniu e conseguiu derrubar a proposta apresentada pelo Partido Liberal, o maior da oposição, e outros minoritários.

Paraguaios se reúnem em frente ao Congresso, em Assunção, para pedir saída do presidente Abdo Benítez Foto: Cesar Olmedo/Reuters

Após os protestos da madrugada, o presidente da Associação Nacional Republicana (nome oficial do partido Colorado), Pedro Alliana, lamentou o incêndio da sede do partido e reiterou que o movimento Honra Colorado (que apoia Cartes) não integra o governo e a opção por barrar o processo de impeachment foi para exigir melhoras na administração. 

"Não pedimos nenhum cargo para exercer um governo paralelo. Não salvamos o governo para que tudo continue igual, pelo contrário. Vamos ser mais oposição do que a própria oposição. O Honra Colorado não fez parte de nenhum ato de corrupção deste governo e exigimos resposta rápida à situação da pandemia e à recuperação econômica", afirmou Alliana à rádio 650 AM. 

Colapso da saúde.

Com orçamento esgotado e pessoal médico e de enfermagem exausto, o Hospital das Clínicas, conhecido como "hospital dos mais pobres", luta para evitar o colapso. "O sistema está saturado, à beira do colapso. Estamos lutando para salvaguardar a integridade e a vida dos nossos compatriotas", disse à AFP Jorge Giubi, diretor-geral assistencial do Hospital das Clínicas, subordinado à Faculdade de Medicina da Universidade Nacional, que abriga cerca de 60 internados com a covid-19. 

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Médicos e enfermeiros atendem paciente de covid em UTI de Itauguá; hospitais paraguaios estão superlotados Foto: Jorge Saenz/AP

O Ministério da Saúde reporta uma média de 40 mortes e 2.000 contágios por dia no país. A cada três mortes registradas, uma dá positivo, segundo as estatísticas oficiais. Embora ainda seja baixo em comparação com os padrões da região, o total de casos confirmados é de mais de 181 mil e 3.500 mortos em uma população de 7 milhões de habitantes.

Nesta quinta-feira, o Paraguai começa um período de restrição à circulação noturna para conter o aumento do número de casos de covid. O toque de recolher permanecerá em vigor até o dia 4, entre as 20 horas e as 5 horas, quatro horas a mais que a restrição atual – da meia-noite às 5h. As aulas presenciais nas escolas e universidades também serão suspensas até 4 de abril. / AFP e REUTERS

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