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Mais de 100 pessoas morrem em protestos contra golpe militar em Mianmar

Manifestações ocorreram neste sábado, 27, durante desfile realizado pelo regime na capital do país para comemorar o Dia das Forças Armadas. Na véspera do conflito, junta ameaçou atirar 'na cabeça e nas costas' de manifestantes

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Por Redação
Atualização:

RANGUM - Em dia de forte repressão, mais de 100, incluindo três menores de idade, morreram neste sábado, 27, em protestos contra o golpe militar em Mianmar. Milhares foram às ruas se manifestar contra o regime no mesmo dia da realização de um desfile na capital Naipidau para celebrar o Dia das Forças Armadas. O desfile foi presidido pelo líder golpista Min Aung Hlaing. 

Segundo informações de veículos locais, grande parte das mortes ocorreu em Rangum, a maior cidade do país. Pelo menos outras seis regiões registraram atos com vítimas. Na véspera do conflito, militares usaram rádios e televisões estatais para tentar inibir possíveis protestos, ameaçando atirar "nas costas e na cabeça" de insurgentes que reinvidicassem por democracia durante as homenagens às Forças Armadas.

Manifestantes em Rangum, maior cidade de Mianmar Foto: Handout / FACEBOOK / AFP

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Entre a população, a data foi chamada de “dia contra a ditadura militar”. Rússia, China, Índia, Paquistão, Bangladesh, Vietnã, Laos e Tailândia enviaram representantes em apoio ao evento militar.

No entanto, a maioria dos países boicotou o evento e até mesmo algumas embaixadas, incluindo a espanhola, substituíram a foto de capa de suas páginas nas redes sociais por uma imagem preta em sinal de luto. 

Em comunicado, a União Europeia afirmou que este dia será lembrado por "terror e desonra" e que as ações durante os protestos são "indefensáveis". O embaixador do Reino Unido no país afirmou que as mortes "falam por si sobre as prioridades da junta militar."

Desde o dia 1º de fevereiro, quando a junta militar tomou o controle de Mianmar alegando fraude eleitoral, estima-se que mais de 3 mil pessoas foram presas e outras 300 já perderam a vida por causa da repressão.

Manifestantes desafiaram militares neste sábado, 27, durante protestos contra o golpe em Mianmar. Foto: AFP

Comunicação

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Para se comunicar, os cidadãos de Mianmar estão seguindo o exemplo de manifestantes em Hong Kong, Belarus e outros lugares que encontraram maneiras criativas de contornar as restrições governamentais à internet.

Manifestantes de alguns desses países estão agora fornecendo orientação e apoio a Mianmar, e fóruns online estão oferecendo dicas sobre como seus cidadãos podem se manter conectados. 

"Na história de Mianmar e em todos os golpes que eles sofreram e em toda essa turbulência política, parece ser a primeira vez que as pessoas realmente tiveram esse tipo de acesso a plataformas alternativas e as usaram para chegar a organizações internacionais e outros países por ajuda", disse Charity Wright, analista de inteligência de ameaças cibernéticas da Recorded Future. 

Atos em Mandalay, em Mianmar, contra o golpe militar Foto: Stringer/EFE

A situação em Mianmar está evoluindo, à medida que o governo tenta bloquear diferentes tipos de comunicação e os cidadãos experimentam novos métodos. Isso significa que o que está funcionando agora para escapar das restrições do governo pode não funcionar nas próximas semanas, disse Anissa Wozencraft, analista da Recorded Future que trabalhou com Wright na pesquisa.

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O general Zaw Min Tun, porta-voz da junta militar, disse na segunda-feira que os militares "não tinham planos para restaurar dados móveis neste momento porque algumas pessoas estão usando a internet móvel para instigar atos destrutivos." 

O movimento de protesto liderado por jovens está exigindo a libertação de líderes civis, incluindo Suu Kyi, o reconhecimento dos resultados das eleições de 2020 que seu partido ganhou e a retirada dos militares da política.

"A junta continua suas tentativas de derrubar os resultados de uma eleição democrática, reprimindo brutalmente manifestantes pacíficos e matando indivíduos que estão simplesmente exigindo uma palavra no futuro de seu país", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em um comunicado na segunda-feira. / W. Post, EFE, AFP e REUTERS

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