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Auditoria diz que governo Trump não sabe quantas crianças separou de seus pais

Segundo relatório, administração separou milhares a mais do que foi divulgado, mas não é possível saber número exato

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Por Redação
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WASHINGTON - A administração Trump separou milhares de crianças imigrantes de seus pais na fronteira a mais do que o que foi tornado público inicialmente, segundo relatório de uma auditoria divulgado nesta quinta-feira, 17. O levantamento mostra que o sistema de rastreamento federal dessas crianças tem sido tão ineficiente e pobre que não é possível saber com exatidão quantas foram separadas de suas famílias. 

Desde o anúncio da política de "tolerância zero" de Donald Trump, 2.342 crianças e jovens imigrantes foram separados de suas famílias entre os dias de 5 de maio a 9 de junho, segundo dados oficiais Foto: John Moore / Getty Images / AFP

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“O número total de crianças separadas pelas autoridades de imigração de seus pais ou responsáveis é desconhecido”, aponta o relatório publicado pelo Escritório do Inspetor Geral do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

De acordo com o relatório, as crianças separadas incluem 118 apreendidas entre julho e início de novembro, ou seja, após a administração ter supostamente encerrado a política de separação de famílias que provocou um terremoto político e indignação pública nos EUA. 

O relatório estima que milhares de outras crianças foram separadas no início da administração Trump, meses antes de o governo anunciar que faria a separação para poder processar criminalmente seus pais, entre abril e maio. 

Apesar de administrações anteriores também terem separado menores de adultos na fronteira em algumas ocasiões – geralmente sob suspeita de a criança ter sido sequestrada ou estar indo ao encontro de sua família que vive ilegalmente no país – o relatório mostra um grande aumento das separações sob o governo Trump. 

Com base em registros disponíveis, crianças representavam 0,3% de todos os menores desacompanhados levados sob a custódia do governo em 2016, já perto do fim da administração Obama. Em agosto de 2017, primeiro ano de Trump, esse porcentual aumentou para 3,6%

O relatório diz que um grande número de crianças separadas foram liberadas da custódia federal antes de uma ordem da Justiça, de junho, exigindo que agentes federais seguissem com cuidado o status das 2.737 crianças separadas e oferecessem relatórios regulares sobre sua situação a um juiz federal. 

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“Milhares de crianças podem ter sido separadas durante uma onda que começou em 2017, antes dessa solicitação do tribunal”, aponta a auditoria. 

No ano passado, o Departamento de Segurança Interna produziu um relatório não publicado documentando o caos causado pela separação de famílias resultado da política de “tolerância zero” de Trump. Entre outros pontos, o departamento descobriu que 860 crianças imigrantes foram mantidas em celas da patrulha de fronteira por mais de três dias – o limite permitido por lei. Descobriu ainda que “passos inadequados” foram tomados para descobrir as identidades de crianças pequenas demais para falar. 

Crianças imigrantes em Tornillo, Texas Foto: Mike Blake/Reuters

Em junho, o Departamento de Saúde abriu uma grande cidade de tendas em Tornillo (Texas) para abrigar crianças imigrantes que entraram no país sozinhas, abrigando cerca de6 mil delas. Após repetidas denúncias, incluindo sobre funcionários contratados sem ter o históricochecado, o departamento informou na semana passada que removeu todas as crianças e fechou a cidade de tendas. / W. POST e AFP 

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