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Com coronavírus, Boris Johnson passa segunda noite em UTI

Segundo o governo britânico, o primeiro-ministro não tem pneumonia e está recebendo um tratamento padrão de oxigênio

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, passa nesta terça-feira, 8, a segunda noite consecutiva na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após um agravamento de seu estado de saúde devido ao coronavírus. Em condição estável, o premiê não tem pneumonia e respira sem ajuda de aparelhos - anunciou o governo em um esforço para acalmar a preocupação dos britânicos.

"Permaneceu estável durante a noite (de segunda-feira) e mantém o ânimo", afirmou sua porta-voz. "Está recebendo o tratamento padrão de oxigênio e respirando sem nenhuma outra ajuda. Não precisou de respirador mecânico, nem de apoio respiratório não invasivo", insistiu, acrescentando que Johnson não foi diagnosticado com pneumonia.

Mensagem de apoio ao primeiro-ministro em display de van em Londres Foto: Vickie Flores/EFE

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Único líder de uma grande potência enfermo com a covid-19, Johnson, de 55 anos, foi internado no Hospital St. Thomas de Londres no domingo para ser submetido a exames, porque os sintomas persistiam após dez dias.

Na segunda-feira, seu estado de saúde se agravou, e ele foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva.

A notícia provocou comoção no Reino Unido, especialmente depois que o sempre otimista Johnson tuitou de sua cama no hospital, dizendo estar "animado" e que seus colaboradores insistiram em que ele permanecesse "no comando" do governo.

Governo 'segue adiante'

Em uma série de entrevistas nesta terça-feira, o ministro do Gabinete, Michael Gove, insistiu em que "o trabalho do governo segue adiante". O próprio Gove teve de iniciar o isolamento, porém, depois que um integrante de sua família demonstrou sintomas de covid-19.

Enquanto o primeiro-ministro continuar internado, o Executivo será liderado pelo ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, que também divulgou uma mensagem tranquilizadora na segunda-feira à noite. "O primeiro-ministro está em boas mãos", disse.

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Para Andrew Gimson, biógrafo de Johnson, sua internação comove pelo contraste com seu habitual otimismo, energia e predisposição para "animar as pessoas e motivar aqueles ao seu redor". "Agora ele é o afetado, e isso é totalmente incomum para todos", declarou à BBC.

A notícia provocou uma onda de reações internacionais. "Todos os americanos estão rezando por sua recuperação", afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump.

O primeiro-ministro anunciou em 27 de março que apresentou resultado positivo para a covid-19 e iniciou o isolamento em seu quarto na residência oficial de Downing Street: documentos e refeições eram deixados na porta.

Ele continuou liderando reuniões por videoconferência, e muitos atribuíram à falta de repouso o fato de que, 10 dias depois do diagnóstico, ele permanecia com febre. A situação levou seu médico a decidir interná-lo para fazer exames como forma de "precaução".

Ele passou uma primeira noite tranquila, de acordo com o governo, mas na segunda teve de ser levado para a UTI, principalmente para ter um respirador disponível em caso de necessidade.

Recorde de mortos

O Reino Unido está se tornando um novo ponto crítico na Europa. Nesta terça-feira, o país superou 6 mil mortes por coronavírus após o país registrar 786 mortes em 24 horas. Apesar disso, alguns britânicos continuam sem respeitar as recomendações de distanciamento social.

Para o doutor James Gill, professor da Warwick Medical School, diante da internação do primeiro-ministro, para muitos britânicos, "a epidemia de coronavírus acaba de se tornar real".

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"Para uma parte não desprezível da população britânica, a covid-19 era uma doença que afetava outras pessoas, mas Boris Johnson não é outra pessoa", completou.

Diante da magnitude da crise de saúde, a rainha Elizabeth II falou ao país no domingo, em um discurso pouco habitual exibido na TV, apenas o quarto em seus 68 anos de reinado.

A monarca está sendo informada sobre o estado de saúde do primeiro-ministro, de acordo com o Palácio de Buckingham.

Em uma mensagem escrita no Castelo de Windsor, ao oeste de Londres, a rainha, de 93 anos, agradeceu nesta terça-feira aos profissionais da saúde por seu “compromisso” e por sua “entrega nas circunstâncias mais difíceis”. / AFP

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