Parece que tudo o que eles precisam é de um quarto com uma mesa e algumas cadeiras, mas a realidade é que cada detalhe da cúpula entre Donald Trump e Kim Jong-un tem sido milimetricamente discutido há pelo menos um mês, inclusive detalhes infinitesimais sobre os protocolos.
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Quem vai entrar primeiro, quantos passos cada líder dará até parar para tirar fotos, onde cada um vai sentar, o número de intervalos, o que usar em um brinde, já que Trump não bebe álcool, qual refeição será servida (Trump gosta de hambúrguer, Kim gosta de noodles, o típico macarrão oriental).
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“Tudo será coreografado com o presidente Trump e Kim”, afirmou ao New York Times Wendy R. Sherman, ex-diplomata americana que acompanhou a secretária de Estado Madeleine Albright a Pyongyang em 2000. “Cada lado tentará adicionar alguns passos para obter vantagem”.
Normalmente, a autoridade com status mais alto entra no local da cúpula por último e fica mais distante da porta. A solução em encontros de dois líderes é usar um quarto com duas entradas.
Esperança e indiferença na fronteira entre as Coreias
Ainda que estejam acostumados aos disparos e às propagandas veiculadas em alto-falantes, os sul-coreanos que vivem próximos da fronteira com a Coreia do Norte esperam que a cúpula entre os líderes Donald Trump e Kim Jong-Un, prevista para a próxima semana, seja um novo passo a caminho da paz definitiva.
Detalhes sobre quantos passos cada líder deve tomar antes de parar para as câmeras também serão meticulosamente planejados. Ao encenar oportunidades fotográficas, os dois lados podem negociar se as bandeiras dos dois países aparecerão em fotos oficiais da cúpula.
“Eles reconhecerão a Coreia do Norte formalmente como um país?”, questiona Mitoji Yabunaka, ex-diplomata e ex-vice-ministro de Relações Exteriores do Japão, explicando a importância da exibição de uma bandeira norte-coreana no encontro.
Outra negociação é quem vai pagar a conta da cúpula. A Coreia do Norte é conhecida por pressionar outros governos a pagar suas despesas. Em fevereiro, o governo sul-coreano pagou US$ 225 mil por despesas de uma delegação norte-coreana que incluía Kim Yo-jong, irmã de Kim Jong-un. / NYT