LA PAZ - Confrontos entre manifestantes e militares que liberavam o acesso a uma central de combustíveis em El Alto, cidade vizinha a La Paz, deixaram 3 mortos e 30 feridos nesta terça-feira, 19, um dia antes de a Organização dos Estados Americano (OEA) discutir uma resolução pedindo eleições urgentes na Bolívia. “Foram três mortos, dois deles confirmados (por impacto) de bala”, disse um porta-voz da Defensoria do Povo.
A entidade disse que os feridos são manifestantes leais ao ex-presidente Evo Morales, que está exilado no México, após renunciar ao cargo no dia 10. O ex-presidente havia sido reeleito em uma votação denunciada como fraudulenta pela oposição e pela OEA, que encontrou diversas “irregularidades”.
Em comunicado, as Forças Armadas destacaram que “agitadores e vândalos enfurecidos” atacaram e destruíram parcialmente a central de hidrocarbonetos de Senkata, “utilizando explosivos de alto poder”.
Pouco antes, uma força combinada de policiais e militares, apoiada por blindados e helicópteros, entrou na refinaria, ocupada há dias por manifestantes, para retomar em caminhões-tanque o abastecimento de combustível, cuja escassez começa a se aprofundar em La Paz.
Do México, Evo escreveu no Twitter: “Denuncio ao mundo que o governo de facto, no estilo de ditaduras militares, novamente mata meus irmãos em El Alto, que resistem pacificamente ao golpe e lutam em defesa da vida e da democracia”.
A autoproclamada presidente interina, Jeanine Áñez, assinou um decreto nos últimos dias, descrito pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) como “grave”, que isenta os militares de processos penais em caso de mortes nas operações para garantir a segurança do país. A violência social na Bolívia já deixou 27 mortos e mais de 400 feridos, segundo a Defensoria do Povo. / AFP