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Eduardo Bolsonaro, o chanceler de facto do Brasil

Na Casa Branca, terceiro filho de presidente Jair Bolsonaro recebeu elogios públicos do presidente Donald Trump por seu trabalho

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e  CORRESPONDENTE/ WASHINGTON
Atualização:

O terceiro filho do presidente brasileiro Jair Bolsonaro o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) assumiu o posto de chanceler informal do governo durante a viagem do pai aos Estados Unidos. Nesta terça-feira, 19, na Casa Branca, Eduardo recebeu uma série de deferências públicas do presidente americano, e Donald Trump, de quem é um entusiasta.

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe o presidente Jair Bolsonaro Foto: Isac Nóbrega/PR

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Primeiro, Eduardo foi convidado por Trump para participar da reunião privada entre os dois presidentes, no Salão Oval da Casa Branca. A praxe é que o encontro se limite aos dois líderes e respectivos tradutores, quando é o caso. No entanto, desta vez, o filho do presidente brasileiro se juntou aos dois. 

A jornalistas, Bolsonaro disse que Trump convidou Eduardo para o encontro porque ele “tem amizade” com um dos filhos do americano. Em novembro, o terceiro filho do presidente brasileiro fez uma espécie de viagem precursora aos Estados Unidos, na qual se encontrou com integrantes do governo americano.

O chanceler Ernesto Araújo tentou reduzir a importância da participação de Eduardo no encontro entre os dois presidentes. Ele disse que sua participação não estava prevista no encontro e afirmou que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, o seu equivalente, também não estava no encontro. Pompeo está em viagem oficial ao Oriente Médio. 

Depois do encontro e almoço na Casa Branca, os dois líderes partiram para uma declaração à imprensa no Rose Garden. Lá, de novo, Trump falou sobre Eduardo. “Eu vejo no público o filho do presidente, que tem sido fantástico. Você poderia se levantar? O trabalho que você tem feito durante um período duro é apenas fantástico. Eu sei que seu pai aprecia isso. Muito obrigado. Trabalho fantástico”, disse Trump, enquanto Eduardo se levantou e acenou para os jornalistas presentes. 

Nos outros momentos, o deputado gravava, pelo celular, um vídeo dos dois presidentes fazendo o anúncio aos jornalistas. Depois de deixar a Casa Branca, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se levava do encontro alguma decepção com relação a Trump. 

“Nenhuma decepção. A minha sinalização positiva a Trump ocorria desde as primárias, comecei minha pré-campanha logo depois de 2014, eu vim aos EUA depois, comecei a conversar com gente do terceiro escalão do governo”, disse Bolsonaro, mencionando na sequência a deferência de Trump a Eduardo com o convite para participar do encontro no Salão Oval.

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Também foi Eduardo quem acompanhou o presidente na visita à CIA, agência de inteligência americana, juntamente com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. No tempo livre, o deputado e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara acompanhava Filipe Martins, assessor de Assuntos Internacionais do Planalto, em agendas paralelas com integrantes do governo americano e de movimentos conservadores do país.

O encontro entre Trump e Bolsonaro teve “descontração e gargalhadas”, segundo o brasileiro. Bolsonaro fez piada com a idade da mulher de Trump, Melania, dizendo ao americano que ele era “jovem” pois “temos a idade da mulher que amamos”. Melania é mais de 20 anos mais nova do que o presidente.

No Salão Oval, os dois presidentes trocaram camisetas de futebol. Trump presenteou Bolsonaro com uma camiseta da seleção de futebol dos EUA, com o número 19 e o nome do Bolsonaro escrito atrás. Já Bolsonaro deu uma camisa da seleção brasileira com o número 10, fazendo uma referência a Pelé. A camiseta amarela tinha o nome de “Trump” escrito nas costas.

Eduardo Bolsonaro não é o único filho do presidente a aparecer na linha de frente do governo. Mesmo sem ocupar cargo no Executivo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) discursou nesta terça-feira, 19, em nome do pai, na 53.ª Convenção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo a entidade, o presidente foi convidado, mas como estaria em viagem aos Estados Unidos indicou o filho para representá-lo. 

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Como o senador não integra o Executivo, o Estado perguntou à Abras o motivo da presença do parlamentar no lugar do presidente. A resposta oficial da entidade foi que Bolsonaro escolheu o filho senador para representá-lo. Questionada novamente nesta terça-feira, 19, a Abras alegou que houve um erro do cerimonial que organizava o evento: pai e filho tinham sido convidados. 

O desmentido ocorreu um dia depois de o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o mais jovem entre os políticos do clã, ter sido criticado nas redes sociais por ter ido a Brasília para, segundo ele, desenvolver “linhas de produção” solicitadas pelo pai. 

Embora não seja deputado nem ocupe cargo no governo, Carlos “despachou” na Câmara dos Deputados e no Palácio do Planalto, relatando seus compromissos na capital federal nas redes sociais. “Em Brasília. Dentre muito o que conversar com amigos deputados federais e desenvolvendo linhas de produção solicitadas pelo presidente Jair Bolsonaro”, escreveu na segunda-feira, no Twitter, Carluxo, como ele é conhecido. / COLABOROU DANIELA AMORIM 

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