Às vésperas de eleição, Netanyahu promete anexar grande parte da Cisjordânia

Premiê de Israel pediu o apoio da população para garantir a 'soberania' e 'segurança' do país em um cenário de sua reeleição

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Por Redação
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JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu nesta terça-feira, 10, que anexará uma parte estratégica da Cisjordânia ocupada caso seja reeleito em 17 de setembro. Ele disse que a medida proporcionaria “fronteiras permanentes e seguras” pela primeira vez na história de Israel. A decisão, no entanto, reduziria qualquer possível Estado palestino a um enclave rodeado pelos israelenses.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ao lado de mapa com território da Cisjordânia que ele promete anexar caso seja reeleito Foto: Oded Balilty/AP Photo

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“Se eu receber de vocês, cidadãos de Israel, um mandato claro, declaro hoje minha intenção de aplicar, com um futuro governo, a soberania de Israel sobre o Vale do Jordão e a parte norte do Mar Morto”, disse Netanyahu a jornalistas em Ramat Gan, perto de Tel-Aviv, em entrevista organizada por seu partido, o Likud.

Netanyahu, que tenta atrair eleitores nos assentamentos judaicos, que defendem a anexação da Cisjordânia, está empatado com seu rival, o ex-chefe do Exército de Israel, Benny Gantz, líder do partido Azul e Branco, de centro-direita. Ontem, o general reivindicou a ideia de anexar o Vale do Jordão. “Estamos felizes de ver que Netanyahu adota nosso plano”, disse.

Nos últimos meses, o premiê tem se mobilizado para desviar o foco das três denúncias de corrupção contra ele e focar na sua principal bandeira: a segurança nacional. Na segunda-feira, em mais uma ação contra o Irã e reforçando a capacidade de inteligência de Israel, Netanyahu divulgou imagens de um suposto local de teste de armas nucleares utilizado pelo Irã e descoberto por Israel.

Os Estados Unidos devem apresentar detalhes de seu plano de paz para o Oriente Médio depois das eleições israelenses. Segundo Netanyahu, esse plano será “uma oportunidade histórica e única de aplicar nossa soberania sobre nossas colônias em Judeia e Samaria (como Israel chama a Cisjordânia) e em outros locais-chave para a nossa segurança”. “Não tivemos tamanha oportunidade desde a Guerra dos Seis Dias e duvido que teremos uma outra oportunidade nos próximos 50 anos”, defendeu o premiê. 

Cartaz eleitoral para o partido Likud mostrao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apertando a mão do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que tenta a reeleição Foto: Ahmad Gharabli/AFP

O Vale do Jordão representa cerca de 30% da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. A maior parte do mundo considera ilegais os assentamentos israelenses na região. Nesta terça-feira, a ex-negociadora palestina Hanan Ashraui afirmou que a intenção de anexar parte da Cisjordânia destrói qualquer possibilidade de acordo de paz. “Netanyahu não está apenas destruindo a solução de dois Estados, mas também qualquer possibilidade de paz.”

Os países islâmicos reagiram com irritação ao anúncio de Netanyahu. Ayman Safadi, chanceler da Jordânia, disse que a anexação “é uma ameaça à segurança da região”. O chanceler da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou que a medida de Netanyahu era digna de um “Estado de apartheid”.

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O Yamina, partido de direita liderado pelo ex-ministro da Justiça de Netanyahu, Ayelet Shaked, desafiou o premiê a trazer a decisão de anexar o Vale do Jordão durante o atual governo, nas próximas horas. "Senão, todos em Israel saberão que isso não é nada além de uma jogada política barata", afirmou o partido. / AFP e NYT

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