JERUSALÉM - Mais de mil pessoas com bandeiras de Israel manifestaram-se nesta terça-feira, 15, convocadas pela extrema direita em Jerusalém Oriental, sob forte vigilância policial. O evento é visto como o primeiro grande teste do recém-formado gabinete de governo, composto por representantes de diversos campos políticos israelenses, chefiado pelo premiê ultranacionalistaNaftali Bennett.
Os manifestantes, incluindo jovens e ativistas judeus ultranacionalistas e de extrema direita, deixaram um bairro ortodoxo em Jerusalém Ocidental para atravessar Jerusalém Oriental até o Portão de Damasco, que dá acesso ao bairro muçulmano da Cidade Velha, onde fica a Esplanada das Mesquitas.
Gritos de "morte aos árabes" ecoaram pela multidão. Pouco antes da polêmica "Marcha das Bandeiras", a polícia fechou as principais ruas que levam à Cidade Velha e bloqueou o acesso dos palestinos à praça em frente ao Portão de Damasco, provocando confrontos que deixaram uma dezena de manifestantes palestinos feridos, segundo socorristas.
Os deputados árabes israelenses, que compareceram ao local, descreveram a marcha como uma provocaçã. "A única bandeira legítima aqui (...) é a bandeira palestina. A bandeira israelense é um símbolo da ocupação", declarou o deputado Ahmed Tibi.
A marcha celebra o "Yom Yerushalaim" - "Dia de Jerusalém" -, o aniversário para os israelenses da "reunificação" da Cidade Sagrada em 1967, segundo o calendário hebraico.
Inicialmente, a manifestação estava prevista para 10 de maio, em meio a tensões pelos protestos no bairro de Sheikh Jarrah - onde famílias palestinas estão sob ameaça de despejo em benefício dos colonos judeus - e a confrontos entre palestinos e a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas. Situada em Jerusalém Oriental, trata-se do terceiro local mais sagrado do Islã.
A marcha foi cancelada depois que o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou vários foguetes na data contra o território israelense em solidariedade com os palestinos de Jerusalém Oriental.
Os foguetes e a resposta do Exército israelense provocaram um confronto de 11 dias entre Hamas e Israel. Ali, morreram 260 palestinos na Faixa de Gaza, incluindo crianças, adolescentes e combatentes, e 13 pessoas em Israel, entre elas uma criança, um adolescente e um soldado.
Os organizadores da marcha a remarcaram para quinta-feira passada, mas diante das ameaças de represálias do movimento palestino, o então governo de Benjamin Netanyahu a havia remarcado para esta terça-feira.
Na noite de segunda-feira, o novo ministro da Segurança Interior, Omer Bar-Lev, decidiu mantê-la, apesar dos apelos de deputados árabes israelenses e líderes palestinos para suspendê-la. O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, alertou para "repercussões perigosas". /AFP