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Ernesto Araújo conversa com Secretário de Estado de Biden

Telefonema do Itamaraty com Antony Blinken é o primeiro contato de alto escalão entre os governos Bolsonaro e Biden

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e Correspondente
Atualização:

WASHINGTON - O chanceler Ernesto Araújo e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversaram nesta quinta-feira, 11, pelo telefone. A ligação foi o primeiro contato de alto escalão entre os governos de Jair Bolsonaro e Joe Biden, desde que o democrata tomou posse, no último dia 20.

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Segundo o Itamaraty, eles "confirmaram o compromisso com o contínuo fortalecimento das relações" entre os dois países e "identificaram ampla agenda de ação conjunta em temas comerciais e de investimentos, na defesa e promoção da democracia, na questão do clima e meio ambiente, em direitos humanos e no enfrentamento da covid, entre outros". 

O Departamento de Estado, por sua vez, destacou em comunicado na noite desta quinta-feira que os dois expressaram "comprometimento em combater a pandemia de covid-19 e as mudanças climáticas", além de aumentar a cooperação regional para apoiar a conservação ambiental e promover direitos humanos.

"Foi um prazer falar com o chanceler brasileiro Ernesto Araújo. Espero trabalhar com o Brasil para expandir nossa parceria econômica, de segurança e democrática", escreveu Blinken no Twitter.

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores. Foto: Adriano Machado/Reuters

A vitória de Biden na eleição americana e o início do governo do democrata representam um desafio para a política externa adotada pelo Brasil nos últimos dois anos. Bolsonaro fez declarações públicas de admiração ao republicano Donald Trump e disse apoiar a reeleição do ex-presidente contra Biden.

O presidente brasileiro demorou a parabenizar Biden pela vitória na eleição – foi o último líder do G-20 a fazê-lo – e optou por enviar uma carta ao americano após a posse. Até agora, os dois presidentes não conversaram pelo telefone – algo que Biden já fez com aliados próximos, como os presidentes do México e Canadá, e também com líderes de países com quem os EUA têm relações delicadas, como Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China

Nesta semana, o governo Biden afinou o discurso sobre a futura relação com o Brasil. Em entrevistas, representantes da Casa Branca e do Departamento de Estado ressaltaram a parceria de dois séculos entre os dois países e disseram que a cooperação será valorizada. A agenda comum em torno de temas econômicos servirá para abrir caminho para discussões delicadas, como agenda ambiental e proteção de direitos humanos, segundo porta-vozes do governo Biden.

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Nos bastidores, Itamaraty e Planalto também têm feito movimentos de aproximação do novo governo americano, que tem promovido uma guinada na política externa adotada por Trump, de quem Bolsonaro se dizia aliado. 

A preocupação com a questão ambiental é um eixo da política externa de Biden. Durante a campanha eleitoral, o democrata disse que iria "reunir o mundo" para oferecer um fundo de US$ 20 bilhões para proteger a Amazônia e afirmou que o Brasil sofreria consequências econômicas caso não se comprometesse com a preservação da floresta.

No primeiro ano do governo Bolsonaro, as manchetes de jornais internacionais destacaram o aumento das queimadas na Amazônia, o afrouxamento da regulação ambiental no Brasil e as falas do presidente e de Araújo, com críticas ao que classificavam como um "alarmismo climático". 

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Na semana passada, o governo Biden recebeu um relatório de ativistas e integrantes de ONGs internacionais, além de acadêmicos, com críticas ao governo Bolsonaro, incluindo na parte ambiental. A pauta do democrata contrasta com a visão defendida por Bolsonaro sobre meio ambiente. Mas o governo americano, segundo analistas e assessores da Casa Branca, buscará a cooperação no âmbito internacional, mesmo que haja divergências com Bolsonaro.

No segundo mandato de Obama, Biden ficou encarregado da relação com a América Latina, como vice-presidente. Desde então, é visto como um político com conhecimento e interesse sobre o Brasil.

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