PORTO PRÍNCIPE - O Haiti estreou seu novo governo nesta quarta-feira, 4, depois de passar doze meses sob comando de executivos interinos e mergulhado em uma crise complexa que inclui aumento na fome, episódios crescentes de violência e economia devastada.
O novo primeiro-ministro, Joseph Jouthe, foi empossado em uma cerimônia rápida, apenas dois dias após o presidente Jovenel Moise anunciar sua nomeação e sem passar pelo procedimento parlamentar obrigatório que fez naufragar as últimas tentativas de formar um governo.
Não foi possível submeter a nomeação de Jouthe ao Parlamento, conforme exigido pela Constituição, porque as Câmaras legislativas foram dissolvidas em janeiro passado, quando o mandato dos deputados e senadores terminou sem que as eleições fossem realizadas devido à instabilidade dos últimos meses de 2019.
A nomeação de Jouthe foi possível graças a um "consenso mínimo" alcançado entre Moise, setores da oposição e outros atores econômicos e sociais durante as negociações que o chefe de Estado realizou nos últimos meses para encontrar uma saída para a crise.
"É um consenso político mínimo que permitiu um governo de retalhos", disse Moise em seu discurso. Ele foi criticado por setores da oposição por ter designado o primeiro-ministro "unilateralmente".
Moise alertou que, apesar do consenso alcançado, o país continua a experimentar um "bloqueio" político e uma grave instabilidade causada por interesses particulares de 'certas pessoas', que ele não citou. "As pessoas estão começando a ver sua verdadeira face. As pessoas precisam conhecer seus verdadeiros inimigos", disse o presidente.
A Embaixada dos EUA, país que apóia Moise, disse em comunicado que está disposta a trabalhar com o novo governo, mas ao mesmo tempo solicitou que ele organizasse eleições legislativas "assim que isso for tecnicamente possível".
Na mesma cerimônia, tomaram posse os 20 ministros e dois secretários de Estado que irão compor o gabinete de Jouthe, cujos nomes foram anunciados na quarta-feira. /EFE