Itamaraty avisa comissão da Câmara que iniciou retirada de brasileiros da Ucrânia

Cerca de 70 brasileiros embarcam em um trem em direção à fronteira com a Romênia

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BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, informou nesta sexta-feira, 25, que o Brasil iniciou a operação de retirada dos brasileiros que estão na Ucrânia. O chanceler afirmou, em conversa com a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, que cerca de 70 brasileiros serão transportados ainda hoje de trem em direção à Romênia. "Conversei com o ministro Carlos França e o Itamaraty está exatamente neste momento coordenando uma operação de retirada de cerca de 70 brasileiros, em um vagão de trem", disse o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da comissão.

Parte da população ucraniana deixa país em direção à Romênia Foto: Inquam Photos/Casian Mitu via REUTERS - 24/02/22

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"Vai depender de quantos couberem nesse vagão, mas é uma coisa em torno de 70 brasileiros. Parece que alguns latinoamericanos também embarcariam nesse mesmo trem com destino à Romênia", completou o deputado.

O Itamaraty disse ontem, 24, que cerca de 500 brasileiros moram na Ucrânia, a maior parte na capital Kiev. Sobre a evacuação do resto dos cidadãos do País, o tucano afirmou que o governo só vai comandar a retirada quando sentir segurança de que eles não sejam vítimas de emboscada. O espaço aéreo da Ucrânia está fechado e as rotas de fuga são pelo meio terrestre. A orientação é que a saída seja feita em direção às fronteiras com a Polônia e com a Romênia.

"São cerca de 600 quilômetros (o percurso até sair do país) e o Itamaraty só vai iniciar essa empreitada quando tiver segurança absoluta de que esses brasileiros eventualmente não sejam vítimas de alguma emboscada, não tenham suas vidas correndo risco", afirmou Aécio.

Pessoas chegam a estação de trem na Hungria após deixar a Ucrânia;Itamaraty avisa comissão da Câmara que iniciou retirada de brasileiros do país Foto: REUTERS/Bernadett Szabo - 25/02/22

Como mostrou reportagem do Estadãobrasileiros relataram ontem desespero e falta de auxílio para saírem da Ucrânia.

Desde a madrugada de quinta-feira, a Ucrânia tem sido alvo de bombardeios russos. Temendo uma ampliação da influência de países ocidentais, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem estimulado movimentos separatistas ucranianos. Desde janeiro, o governo dos Estados Unidos tem alertado para a escalada dos conflitos. Na madrugada desta quinta, a Rússia começou uma série de ataques à Ucrânia com o objetivo de conquistar o território.

O governo da Ucrânia sinalizou nesta sexta a disposição de negociar um armistício com a Rússia. O diálogo passaria inclusive pela desistência da Ucrânia de participar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), grupo militar chefiado por potências ocidentais.

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"Para isso haveria uma discussão mais clara em relação à independência daquelas províncias mais ao leste, que já tem uma proximidade maior com Moscou e também a questão da não entrada da Ucrânia de forma definitiva na Otan. Esses são os termos que circulam entre os diplomatas daquela região que poderiam ser a base para esse armistício e portanto para o cessar fogo, mas é algo ainda embrionário", disse Aécio.

Estados Unidos e países europeus anunciaram sanções econômicas ao país chefiado por Putin. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) analisa um projeto de resolução que pede a condenação da Rússia.

O Itamaraty chegou a divulgar uma nota lamentando a invasão, mas evitou criticar a Rússia. O presidente Jair Bolsonaro (PL) busca aproximação com Putin e o visitou em Moscou na semana passada. Durante live nas redes nesta quinta, Bolsonaro disse que teve uma diálogo "excepcional" com o presidente russo e ressaltou a relação comercial com o país envolvendo adubos e fertilizantes.

O presidente brasileiro também desautorizou o vice-presidente Hamilton Mourão, que havia dito que o Brasil não está neutro e condenou os ataques russos. De acordo com Bolsonaro, Mourão não tem credibilidade para se pronunciar sobre o tema e está dando "peruada".

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