O que se sabe sobre as novas tensões entre Rússia e Ucrânia

Mobilização militar na fronteira e novos confrontos entre separatistas pró-russos e forças de Kiev causam inquietação

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Por Redação
Atualização:

As tensões entre Rússia e Ucrânia foram retomadas após uma grande mobilização militar russa na fronteira e novos confrontos entre os separatistas pró-russos e as forças de Kiev, que solicitaram ajuda a países ocidentais.

Entenda o cenário em cinco pontos:

Combates com os separatistas

Soldado ucraniano monta guarda em front na cidade de Marinka, na Ucrânia Foto: STR/AFP

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As forças de Kiev mantêm uma guerra desde 2014 contra os separatistas pró-russos que tomaram o controle de territórios no leste ucraniano.

Após intensos combates que provocaram mais de 13 mil mortes, o conflito diminuiu sua intensidade desde 2015 e o último cessar-fogo, acordado no ano passado, foi amplamente respeitado.

No entanto, no início de 2021 houve um surto de violência envolvendo combates com morteiros e artilharia, nos quais ao menos 29 soldados ucranianos morreram, contra 50 em todo o ano de 2020.

Moscou envia tropas

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Paralelamente, Kiev acusou Moscou de enviar tropas às suas fronteiras, estimadas nesta segunda-feira, 12, em cerca de 83 mil soldados, metade deles na Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014. 

A Rússia não desmentiu o envio das tropas, mas insistiu que "não ameaça ninguém" e denunciou "provocações" ucranianas. 

Nesta terça-feira, 13, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, confirmou o envio de tropas ao oeste e sul do país, afirmando que o deslocamento é uma resposta às ações "ameaçadoras" da OTAN.

O presidente russo Vladimir Putin em conferência em Moscou Foto: REUTERS/Maxim Shemetov/File Photo

Shoigu afirma que as tropas enviadas nas últimas três semanas realizam "exercícios militares" que ainda vão durar duas semanas. 

Dois analistas militares russos entrevistados pela Agência France-Presse, Vassili Kashin e Alexandre Goltz, consideraram que essas unidades contam com cerca de 100 mil soldados. 

Washington afirmou nesta semana que nunca houve tantas tropas russas nas fronteiras com a Ucrânia desde 2014.

Ocidentais com Kiev

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Os aliados ocidentais da Ucrânia demonstraram seu apoio à ex-república soviética, que desde 2014 tenta se integrar à Otan e à União Europeia. 

Os Estados Unidos e os europeus alertaram Moscou contra qualquer ataque, enquanto as forças americanas na Europa aumentaram seu nível de alerta. 

No mais recente sinal de apoio até agora, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, solicitou nesta terça-feira que a Rússia retire seu reforço militar "injustificado" das fronteiras com a Ucrânia.

A Ucrânia, no entanto, pede ao Ocidente que forneça mais apoio "prático" além das palavras. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu para acelerar a adesão de seu país à OTAN.

O presidente ucraniano Volodmir Zelenski visita zona de conflito no leste do país Foto: EFE

Por que agora?

Os especialistas apresentam vários possíveis motivos para esta escalada.

Vários observadores acreditam que tanto Moscou quanto Kiev estão testando o novo presidente americano, Joe Biden, para constatar o quão disposto ele está a ajudar a Ucrânia e desafiar o Kremlin. 

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Outros analistas avaliam que a Rússia quer enviar uma mensagem à Ucrânia, que impôs recentemente sanções a um de seus deputados pró-russos, Viktor Medvedshuk, próximo a Vladimir Putin, e censurou três canais de televisão vinculados a ele.

Já outros pensam que o Kremlin quer provocar um impulso patriótico entre os russos antes das eleições legislativas de setembro. O principal opositor russo, Alexei Navalni, está preso, mas o partido oficial Rússia Unida é muito impopular.

Até a guerra?

Os especialistas concordam que, por enquanto, é pouco provável uma invasão russa na Ucrânia, apesar das tensões particularmente fortes. 

"Existe um novo mínimo nas relações entre Rússia e a Otan, o pior momento desde o fim da Guerra Fria", considera Kashin. 

"A retórica de Moscou é extraordinária, não a vemos tão intensa desde 2014 e da anexação da Crimeia", aponta Timothy Ash, analista residente em Londres. 

Apesar de as negociações de paz poderem constituir uma solução, os esforços de mediação de França e Alemanha geraram poucos avanços nos últimos anos. 

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Tampouco há previsão de novas negociações: Zelenski afirmou ter enviado no final de março um convite para se reunir com Putin, mas não obteve resposta. /AFP