Sob pressão, premiê australiano ameaça renunciar ao cargo nesta sexta

Malcolm Turnbull sobreviveu a uma moção movida pelo próprio partido que questionava sua liderança; se renunciar, a sigla pode perder a maioria no Parlamento e eleições gerais podem ser convocadas

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CAMBERRA - Após sobreviver a uma moção de confiança movida por seus próprios aliados, o primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, ameaçou renunciar ao cargo e a seu assento no Parlamento australiano na sexta-feira, 24, se o seu partido, o Liberal, continuar a tentar tirá-lo do poder. A medida colocaria em risco a apertada maioria da sigla no Legislativo e poderia desencadear uma nova eleição geral no país.

Malcolm Turnbull, primeiro-ministro da Austrália, participa de coletiva de imprensa no Câmara do Parlamento em Camberra; premiê afirmou que ameaçou deixar o cargo caso partido continue a tentar tirá-lo do poder. Foto: Mark Graham / AFP

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"O que testemunhamos até o momento é um esforço muito deliberado de levar o Partido Liberal para a direita", disse Turnbull. "Uma minoria tem tentado, em um processo de intimidação, persuadir as pessoas que a única forma de interromper a insurgência é se entregar a ela, mas eu nunca me entreguei a valentões."

O premiê enfrenta uma crescente pressão política dentro de seu próprio partido após sobreviver a uma moção que questionava sua liderança na terça-feira, 21. Turnbull venceu o seu então ministro do Interior, Peter Dutton, por 48 votos a 35. Dutton renunciou ao cargo e iniciou uma campanha nos bastidores do partido Liberal para a realização de uma segunda votação para retirar o premiê do cargo.

Para ganhar tempo, Turnbull anunciou que realizaria uma reunião com os parlamentares liberais nesta sexta-feira, 24, se 43 correligionários assinassem uma petição pedindo o encontro. O primeiro-ministro afirmou que não disputaria o cargo caso a sigla decida mover uma nova moção de confiança, mas também renunciaria ao assento no Parlamento australiano, colocando em risco a maioria do Liberal no Legislativo. Atualmente, o partido tem apenas uma cadeira que garante maioria na Casa.

Neste cenário, eleições suplementares seriam convocadas para a vaga de Turnbull no Parlamento. O próximo primeiro-ministro também enfrentaria o risco de convocar eleições gerais para contornar a crise política. Pesquisas eleitorais apontam que o Liberal está empatado nas intenções de voto com o partido Trabalhista, com leve vantagem em alguns cenários.

A votação que questionava a liderança de Turnbull foi gestada pelo Liberal após membros da ala conservadora da sigla se posicionarem contra o projeto Garantia Nacional Energética (NEG, na sigla em inglês), que visa diminuir os preços da energia e reduzir a emissão de carbono no país. O grupo, que defende usinas de carvão, busca impedir a aprovação do projeto e retirar Turnbull do cargo. //ASSOCIATED PRESS

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