Estudantes enfrentam medo e retornam à escola que foi atacada na Flórida
Prédio onde a maior parte das vítimas morreu permanecerá fechado por tempo indeterminado; vizinhos e ex-alunos receberam os jovens no colégio e os animaram com cartazes
A escola Marjory Stoneman Douglas reabriu a maioria de suas salas para cerca de 3 mil estudantes às 7h40 (locais). O prédio onde a maior parte das vítimas morreu, no entanto, permanecerá fechado por tempo indeterminado.
Centenas de vizinhos e ex-alunos do estabelecimento também estavam presentes para receber os estudantes e animá-los com cartazes como "Nós amamos vocês" ou "Estamos com vocês". "Há pessoas de todas as partes do mundo que estão se comunicando com a gente. É bom ver que as pessoas querem e vieram ajudar uma comunidade", afirmou Emily Quijano, de 16 anos.
Publicidade
Nicholas Rodrigues, um estudante de 15 anos que mora em Coral Springs com seus pais e duas irmãs, disse que percorreu o caminho até a escola a pé ao invés de ir de bicicleta, porque “queria pensar sobre as coisas”.
Ônibus escolares chegaram pouco depois das 7h, com centenas de policiais a postos para acompanhar os estudantes, vestindo as cores da escola - branco e vinho - para que os alunos se sentissem seguros.
Ataque em escola na Flórida mata 17
1 / 18Ataque em escola na Flórida mata 17
Ataque em escola na Flórida mata 17
O jovem Nikolas Cruz, de 19 anos, matou 17 pessoas em uma escola na Flórida na quarta-feira 14. Ele estudou no local e, segundo testemunhas, era descr... Foto: AP Photo/Joel AuerbachMais
Ataque em escola na Flórida mata 17
O xerife Scott Israel, do Condado de Broward, responsável pela região, afirmou que o suspeito usou um rifle AR-15 contra os estudantes Foto: Mark Wilson/Getty Images/AFP
Ataque em escola na Flórida mata 17
Segundo relatos, Cruz usava máscara de gás, um chapéu preto e calça e blusa marrons no momento do ataque Foto: AFP PHOTO / Michele Eve Sandberg
Ataque em escola na Flórida mata 17
Ele seria integrante de grupos pró-armas nas redes sociais e teria participado de debates na internet sobre fabricação de bombas Foto: AFP PHOTO / Michele Eve Sandberg
Ataque em escola na Flórida mata 17
O atirador chegou ao colégio Marjory Stoneman Douglas no horário de saída dos alunos. Antes de atacar, ele disparou o alarme de incêndio, justamente p... Foto: Saul Martinez/The New York TimesMais
Ataque em escola na Flórida mata 17
Ele foi preso sem apresentar resistência na cidade vizinha de Coral Springs, cerca de uma hora após deixar a escola Foto: John McCall/South Florida Sun-Sentinel via AP
Ataque em escola na Flórida mata 17
Nikolas Cruz foi acusado formalmente de 17 homicídios premeditados. Um promotor público do Estado apresentou as acusações no dia seguinte ao ataque Foto: Mike Stocker-South Florida Sun-Sentinel via AP
Ataque em escola na Flórida mata 17
Segundo autoridades, o agressor comprou a arma usada no massacre legalmente. Era conhecido como um jovem amante das armas que havia sido expulso do co... Foto: ReutersMais
Ataque em escola na Flórida mata 17
Nikolas Cruz tinha problemas familiares e perdeu a mãe adotiva recentemente, antes de se mudar para a casa de amigos, onde apresentava um comportament... Foto: ReutersMais
Ataque em escola na Flórida mata 17
Cruz e seu irmão biológico, Zachary, são filhos adotivos. Seus pais os adotaram depois de terem se mudado de Nova York para a Flórida, nos anos 1990 Foto: Michele Eve Sandberg/AFP
Ataque em escola na Flórida mata 17
Cruz chegou a receber tratamento psicológico por um tempo, mas desistiu das sessões há mais de um ano, segundo o prefeito do Condado de Broward, Beam ... Foto: Cristóbal Herrera/EFEMais
Ataque em escola na Flórida mata 17
A família está cooperando com as investigações e não é suspeita de colaborar com o ataque, segundo o relato do advogado que a representa Foto: Mike Stocker/South Florida Sun-Sentinel via AP
Ataque em escola na Flórida mata 17
O presidente dos EUA, Donald Trump, atribuiu o ataque a um distúrbio mental e à falta de vigilância Foto: AFP PHOTO / Michele Eve Sandberg
Ataque em escola na Flórida mata 17
Trump não mencionou em momento algum a questão do controle sobre a venda de armas de fogo Foto: Reuters
Ataque em escola na Flórida mata 17
Nascido em setembro de 1998, Cruz (centro) havia publicado nas redes sociais mensagens "muito alarmantes", indicou o xerife Scott Israel Foto: AFP PHOTO / AFP TV / Miguel GUTTIEREZ
Ataque em escola na Flórida mata 17
Um dia antes do ataque, o jovem (foto) postou um vídeo em uma rede social afirmando que "coisas ruins vão acontecer amanhã" (quarta-feira) Foto: Broward County Sheriff/Handout via REUTERS
Ataque em escola na Flórida mata 17
Um estudante entrevistado pela emissora local WSVN-7 explicou que o jovem era "um menino com problemas" que possuía armas em casa e falava em usá-las.... Foto: Instagram via APMais
Ataque em escola na Flórida mata 17
Outro estudante entrevistado pela emissora WJXT afirmou que era previsível que Cruz cometesse um ataque.A foto foi postada pelo agressorem sua conta n... Foto: Instagram via APMais
Fred Guttenberg, cuja filha Jamie foi uma das vítimas do massacre, disse não sentir medo por seu outro filho, também estudante da Marjory Stoneman Douglas, porque a escola seria agora a mais segura dos EUA.
“Mas é triste porque meu filho entra lá sem sua irmã”, afirmou Guttenberg à emissora CNN. “Isso não é o que imaginamos para nós mesmos vendo nossos filhos passando pelo ensino médio”, disse ele.
"Não tenho medo", ressaltou Sean Cummings, estudante de 16 anos. "Só acho que é estranho voltar depois de tudo que aconteceu", admitiu o jovem. "Sinto que estamos mais bem protegidos do que em qualquer outra escola, mas impressiona muito voltar a ver todo o mundo neste lugar e todos esses policiais", acrescentou.
Ainda assim, ele está feliz com o retorno. "É bom que todo o mundo esteja aqui. Acho que será bom voltar a ver todos os meus professores. É bom regressar", comentou.
Trauma
Publicidade
"Pode ser muito difícil para eles voltarem às aulas", afirmou a psiquiatra Nicole Mavrides, da Universidade de Miami e integrante da equipe de Ciências do Comportamento que enviou terapeutas a Parkland.
"Mas é preciso dizer a eles que ninguém está esperando que seja fácil, é preciso dizer a eles que tudo bem que sintam medo, e tudo bem que sintam raiva", afirmou Mavrides.
Os professores voltaram alguns dias antes ao colégio para se preparar e, no domingo, a instituição organizou um dia de orientação para permitir que pais e estudantes recuperassem as coisas que deixaram para trás em meio ao pânico no dia do ataque.
Parlamentares do Estado estão considerando um projeto de lei que arcaria com a demolição do prédio 12 da escola e o substituiria por um memorial para as vítimas do massacre. / REUTERS e AFP