Sob críticas, Donald Trump aceita endurecer controle de armas

Restrição em venda voltou à pauta depois de massacre de 17 estudantes em uma escola secundária da Flórida na semana passada

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Por Cláudia Trevisan CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que apoia os esforços do Congresso para aprovar legislação que “aperfeiçoe” o sistema de verificação de antecedentes nas vendas de armas no país.

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Democratas e alguns republicanos, porém, foram além e defenderam o veto à comercialização de fuzis militares, como o AR-15 usado no ataque que deixou 17 pessoas mortas em uma escola na Flórida, na semana passada.

Donald Trump afirmou no Twitter que o FBI deveria passar menor tempo tentando provar o conluio de sua campanha com a Rússia e 'voltar ao básico' Foto: Tom Brenner/ The New York Times

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 Apesar de ter impacto limitado, o apoio de Trump é importante porque pode acabar com a inação do Congresso e levar à aprovação da que seria a primeira lei federal em anos para regulamentar a venda de armas. 

Após o massacre de 58 pessoas em Las Vegas, em outubro, parlamentares prometeram proibir a venda de “bump stocks”, acessório que transforma um fuzil semiautomático em metralhadora. Mas a proposta enfrentou resistência do poderoso lobby da Associação Nacional do Rifle (NRA) e não avançou no Congresso.

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O projeto sobre checagem de antecedentes também foi apresentado no ano passado, depois de um atirador matar 26 pessoas em uma igreja no Texas. Patrick Kelley, de 26 anos, comprou um fuzil de uso militar, apesar de ter sido condenado por violência doméstica.

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Senadores republicanos e democratas apresentaram projeto que estabelece critérios mais estritos para autoridades federais e estaduais repassarem informações sobre condenações criminais ao sistema nacional usado no processo de checagem de antecedentes. “Ainda que discussões estejam em andamento, o presidente é favorável aos esforços de aperfeiçoar o sistema federal de verificação de antecedentes”, disse na segunda-feira, 19, um porta-voz da Casa Branca. 

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Mas a medida é considerada insuficiente por muitos. No domingo, o governador de Ohio, o republicano John Kasich, defendeu a proibição da venda de fuzis militares – que vigorou no país de 1994 a 2004. “Você sentiria que seus direitos previstos na Segunda Emenda estão sendo enfraquecidos porque você não pode comprar um maldito AR-15?”, perguntou Kasich em entrevista à CNN.

Trump recebeu a maior doação já realizada pela NRA a um candidato à presidência e foi eleito com um discurso de defesa da Segunda Emenda. Em sua reação ao massacre na Flórida, ele não mencionou o controle de armas e defendeu o aumento da segurança nas escolas.

Financiador de campanhas republicanas na Flórida, o empresário Al Hoffman afirmou nesta segunda-feira, 19, que deixará de doar a parlamentares que não apoiarem o veto à venda de fuzis de uso militar. 

Com 19 anos, o atirador Nikolas Cruz não tinha idade para beber cerveja na Flórida, mas pôde adquirir de maneira legal o fuzil AR-15. Fontes da polícia disseram à CNN que ele era dono de outros dez rifles. 

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