WASHINGTON - A gigante de telecomunicações AT&T declarou nesta sexta-feira, 11, que cometeu um "grande erro" ao contratar Michael Cohen, advogado de Donald Trump, no início de 2017, quando buscava aprovação das autoridades de Washington à sua proposta de fusão de US$ 85 bilhões com a Time Warner, não concretizada até hoje.
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A AT&T foi uma das empresas que pagaram Cohen na expectativa de receber ajuda para navegar o novo governo, promover seus interesses e ter acesso ao presidente ou a pessoas próximas dele. O advogado recebeu pelo menos US$ 2,3 milhões em contratos do tipo, US$ 600 mil dos quais vindos da empresa de telefonia.
Na quinta-feira, a companhia farmacêutica Novartis já havia feito um mea culpa em relação à contratação de Cohen, a quem pagou US$ 1,2 milhão para ter informações sobre as posições de Trump em relação ao sistema de saúde. Uma das principais promessas de campanha do presidente era acabar com o Obamacare, a reforma do setor aprovada em 2010.
Os pagamentos foram feitos à empresa Essential Consults, a mesma utilizada por Cohen para entregar US$ 130 mil à atriz pornô Stomy Daniels na véspera da eleição presidencial de 2016, com o objetivo de comprar seu silêncio em relação a um suposto caso que ela diz ter tido com Trump em 2006.
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Tanto a AT&T quanto a Novartis confirmaram que foram procuradas em dezembro pelo procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação sobre a interferência da Rússia na disputa entre Trump e a democrata Hillary Clinton.
Outro dos clientes de Cohen era o oligarca russo Viktor Vekselberg, de quem recebeu US$ 500 mil. As primeiras informações publicadas na imprensa americana diziam que ele era próximo do presidente russo Vladimir Putin e poderia ser a prova da ligação financeira entre o russo e Trump. Mas reportagens posteriores questionaram o grau da proximidade e sustentaram que Vekselberg tem interesses econômicos nos EUA que justificariam uma tentativa de se aproximar ou entender a nova administração.
"Nossa reputação foi prejudicada", afirmou o CEO da AT&T, Randall Stephenson, em comunicado enviado aos empregados da companhia e divulgado pelo Wall Street Journal. "Não há outra maneira de dizer isso - a contratação pela AT&T de Michel Cohen como consultor político foi um grande erro."
Responsável pela contratação, o executivo que dirigia o escritório em Washington, Bob Quinn, se aposentou. Stephenson disse que seu lugar será ocupado por David McAtee, chefe do Departamento Jurídico da empresa. "A prioridade número um de David é assegurar que cada indivíduo e firma que usamos na arena política sejam pessoas que compartilham nossos elevados padrões e dos quais nós tenhamos orgulho de estarem associados à AT&T."