Envio de militares venezuelanos para fronteira com a Colômbia preocupa Grupo de Lima
Em nota, países que formam a organização se manifestaram após o relato de movimentação de armas e aviões militares da Venezuela e se ofereceram para implementar 'medidas políticas, econômicas e financeiras'; Brasil e Canadá não assinaram carta
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Por Redação
Atualização:
SANTIAGO - O Grupo de Lima manifestou sua "profunda preocupação" após o relato da mobilização de militares da Venezuelapara a fronteira com a Colômbiae reiterou seu "alarme e consternação" pelas violações dos direitos humanos e a ruptura da ordem democrática na Venezuela.
"(Os países do Grupo) expressam sua profunda preocupação em razão de informações recentes sobre mobilização de armamento e aviões de combate por parte da Venezuela para a fronteira com a Colômbia, ações que contradizem o espírito da Proclamação sobre a América Latina como uma Zona de Paz aprovada em 2014 pela Celac", informa nota divulgada na terça-feira, 16, pelo membros da organização.
A nota, assinada pelos governo de Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru, 10 dos 12 membros fundadores do Grupo de Lima, também pediu atenção para as "graves violações de direitos humanos" na Venezuela. Brasil e Canadá não endossaram o texto.
"(Violações que foram) denunciadas nos relatórios e comunicados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e registradas no recente relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos", completa o texto.
O documento alega que tais atos incluem "execuções extrajudiciais, uso excessivo da força, prisões arbitrárias, tortura e maus tratos, e falta de acesso à Justiça, assim como a erosão dos controles e equilíbrios institucionais e da democracia neste país".
Os países também condenaram a ruptura da ordem constitucional e do Estado de direito na Venezuela "refletidas na perda de instituições democráticas e na falta de garantias e liberdades políticas para todos os cidadãos".
E, neste contexto, reiteraram seu desconhecimento da "legitimidade e da credibilidade do processo eleitoral" que reelegeu o presidente Nicolás Maduro em 20 de maio por "não cumprir com os padrões internacionais, não ter contado com a participação de todos os atores políticos venezuelanos e ter transcorrido sem as garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e democrático".
A imigração venezuelana para o Brasil em 20 fotos
1 / 20A imigração venezuelana para o Brasil em 20 fotos
Roraima
Cerca de 40 mil imigrantes vivem atualmente em Boa Vista, capital de Roraima. Em um ano, chegada de venezuelanos aumentou em 10% a população da cidade... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Travessia
Cerca de 700 imigrantes fazem fila diariamente na fronteira da Venezuela com o Brasil, próximo ao município de Pacaraima, em Roraima Foto: Werther Santana/Estadão
Caminho
Após atravessarem a fronteira, muitos venezuelanos caminham por dias pela estrada até a chegada em Boa Vista. Foto: Werther Santana/Estadão
Carona
Na foto, a família de Francisco da Encarnación tenta conseguir uma carona pela BR-174 atéBoa Vista Foto: Werther Santana/Estadão
Abrigo
Os cinco abrigos de Boa Vista estão superlotados. Na foto, o abrigo do bairro Pintolândia, no qualimigrantes vivem dentrode um ginásio e em tendas no ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Descanso
Nos abrigos, imigrantes dormem em colchões dispostos no chão ou em redes improvisadas Foto: Werther Santana/Estadão
Rotina
Na foto, imigrantes penduram roupas em ginásio transformado em abrigo pela Defesa Civil de Roraima Foto: Werther Santana/Estadão
Em praças
Com os abrigos lotados, imigrantes montaram barracas improvisadas nas praças, mas não contaram com a ajuda do poder público. Na Praça Simon Bolívar, p... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Falta de estrutura
Comércio no entorno de praça cobra R$ 3 para venezuelanos utilizarem banheiros. Sem alternativa, muitos procuram matagais próximos para urinar e defec... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Superlotação
Dentre os abrigos,a pior situação é a do localizado no bairro Pintolândia, que acolhe apenas venezuelanos indígenas. O local tem capacidade para 370 p... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Refeições
Na foto, venezuelanos esperam na fila para receber comida noGinásioTranquedo Neves, transformado em abrigo pela Defesa Civil em Boa Vista Foto: Werther Santana/Estadão
Refeições com sobras
Com a chegada de mais refugiados à cidade e a falta de vagas em abrigos, os que vivem em praças começaram a buscar alternativas para comer. Inicialmen... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Fechamento de fronteira
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), se encontrou na quinta-feira com a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), relatora da aç... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Higiene
Venezuelanos acampados em praça de Boa Vista andam mais de dois quilômetros até o Rio Branco para tomar banho ou lavar roupas. Foto: Werther Santana/Estadão
Comércio improvisado
Ruas do entorno do abrigo Tancredo Neves viraram uma espécie de feira ao ar livre de venezuelanos, com venda de alimentos e cigarros e prestação de se... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Trabalho
O trabalho autônomo foi a opção encontrada por imigrantes que não conseguem emprego na capital de Roraima. Alguns vendem os poucos itens que trouxeram... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Precarização
Outra mudança no mercado de trabalho de Boa Vista trazida pela imigração foi a redução no valor das diárias pagas a profissionais autônomos. Com muita... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Nas ruas
Venezuelanos trabalham nos faróis lavando os retrovisores de carros para ganhar trocados em Boa Vista Foto: Werther Santana/Estadão
Prostituição
Moradores contam que a presença de garotas de programa nas calçadas se intensificou com o aumento da imigração venezuelana na cidade. Antes, dizem ele... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Violência
Com o aumento da população, Boa Vista viu o número de ocorrências criminais dobrar. Mas apenas 0,5% dos crimes foi cometido por venezuelanos, segundo ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
O texto de oito pontos também insiste em um "chamado urgente" a Caracas para que "permita o estabelecimento de um canal humanitário que facilite a atenção imediata exigida pelos venezuelanos que continuam atravessando a fronteira em estados precários de saúde e desnutrição".
Por fim, o Grupo de Lima expressou sua disposição de implementar, em conformidade com seus respectivos marcos legais e com o direito internacional, "medidas políticas, econômicas e financeiras para contribuir no restabelecimento da ordem democrática na Venezuela". / EFE