Brasileira é um dos três mortos no ataque terrorista em Nice, na França

Informação foi confirmada pelo Itamaraty; segundo a 'Rádio França Internacional', Simone, ensanguentada, procurou ajuda em um restaurante em frente à catedral invadida pelo agressor

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Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - Uma baiana de 44 anos, mãe de três filhos e que vivia na França havia mais de três décadas foi uma das três vítimas do ataque de hoje de manhã em Nice, na França. A informação foi confirmada em nota pelo governo brasileiro e divulgada por vários veículos de comunicação franceses. No atentado, um homem armado com uma faca atingiu várias pessoas na saída da catedral de Notre-Dame de Assunção, ferindo também várias delas.

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Rádio França Internacional identificou a brasileira como Simone Barreto Silva e conversou com uma prima sua, que preferiu não se identificar. Ela relatou que Simone foi ferida a facadas e morreu num restaurante onde, ensanguentada, tentou se refugiar, quase em frente à catedral.

Uma reportagem da TV France Info conversou com Brahim Jelloule, um dos proprietários do restaurante l’Unik, onde Simone buscou ajuda em estado grave. “Ela atravessou a rua, toda ensanguentada, e meu irmão e um dos nossos funcionários a recuperaram, a colocaram no interior do restaurante, sem entender nada, e ela dizia que havia um homem armado dentro da igreja", relatou ele. 

A brasileira Simone Barreto Silva, uma das vítimas do ataque terrorista em Nice Foto: Lavage de la Madeleine

De acordo com o jornal francês Le Parisien, pelo menos uma das vítimas foi degolada pelo agressor, que tentou se esconder em um banheiro dentro da igreja após o ataque. O homem foi baleado e preso pela polícia. 

Ainda de acordo com a RFI, o irmão de Jelloule e o funcionário chegaram a entrar na igreja. Eles viram o homem armado com uma faca, foram ameaçados por ele e saíram correndo. Em seguida, chamaram a Polícia. Segundo Jelloule, Simone morreu uma hora e meia depois de ter sido ferida. Muçulmano, Jelloule contou à RFI que estava chocado com o atentado: “Isso não é o Islã. Eu conheço o Alcorão de cór, e não é isso que ele prega”, disse.

"Digam a meus filhos que eu os amo", teria conseguido dizer pouco antes de morrer, segundo depoimentos de testemunhas divulgados pelo canal BFMTV.

"O presidente Jair Bolsonaro, em nome de toda a nação brasileira, apresenta suas profundas condolências aos familiares e amigos da cidadã assassinada em Nice, bem como aos das demais vítimas, e estende sua solidariedade ao povo e governo franceses", diz a nota do Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty informou que, por meio do Consulado-Geral em Paris, presta assistência consular à família da cidadã brasileira vítima do ataque.

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Ainda de acordo com o Le Parisien, o prefeito de Nice, Christian Estrosi, teria afirmado que o homem, enquanto era socorrido, repetia a frase "Allahu Akbar" ("Alá é grande", em português). Em uma publicação no Twitter, Estrosi comparou o ataque em Nice ao do professor Samuel Patymorto há 13 dias por um adolescente muçulmano após mostrar caricaturas do profeta Maomé durante uma aula.

A primeira vítima do ataque em Nice foi encontrada perto da entrada principal da catedral. Era uma mulher de 60 anos que foi degolada. A segunda era o sacristão Philippe Asso, morto com facada. Simone, a terceira vítima, nasceu no bairro de Lobato, na Cidade Baixa, e vivia havia 30 anos na França, segundo depoimento da família à RFI

Na nota, o Ministério das Relações Exteriores afirma que o "Brasil expressa seu firme repúdio a toda e qualquer forma de terrorismo, independentemente de sua motivação, e reafirma seu compromisso de trabalhar no combate e erradicação desse flagelo, assim como em favor da liberdade de expressão e da liberdade religiosa em todo o mundo".

"Neste momento, o governo brasileiro manifesta em especial sua solidariedade aos cristãos e pessoas de outras confissões que sofrem perseguição e violência em razão de sua crença."/COM AFP

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