Perfil: Kim Yo-jong, a poderosa princesa da Coreia do Norte

Kim Yo-jong, que em outubro ascendeu ao poderoso politburo do partido único norte-coreano, se converteu na figura feminina mais influente da hierarquia política do país; nesta sexta, ela se tornou também o primeiro membro da dinastia Kim a visitar o Sul

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Por Redação
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SEUL - Ao se tornar nesta sexta-feira, 9, o primeiro membro da dinastia no poder na Coreia do Norte a visitar o vizinho do Sul, a irmã mais nova de Kim Jong-un reafirma sua ascensão dentro do regime.

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Em outubro, ao ascender ao poderoso politburo do partido único da Coreia do Norte, Kim Yo-jong se tornou a figura feminina mais influente da hierarquia política do país.

Kim Yo-jong acompanha a abertura dos Jogos de Inverno, em PyeongChang, na Coreia do Sul Foto: AFP PHOTO / Odd ANDERSEN

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No papel de chefe da delegação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de PyeongChang, quecomeçam esta sexta, está Kim Yong-nam, oficialmente o chefe de Estado, mas cujo papel é amplamente simbólico.

"De fato, a verdadeira chefe é Kim Yo-jong", afirma o analista Cheong Seong-chang, do Instituto Sejong. Alguns especialistas esperam que ela entregue uma mensagem de seu irmão ao presidente sul-coreano Moon Jae-in, com o qual a delegação norte-coreana almoçará no sábado.

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A liderança da Coreia do Norte sempre foi um caso de família. Mas os benefícios substanciais ligados ao poder podem ter um custo alto: um passo em falso pode ter consequências catastróficas, até mesmo fatais.

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O tio de Kim Jong-un foi executado por traição em 2013. Seu meio-irmão Kim Jong-nam foi assassinado no aeroporto de Kuala Lumpur em fevereiro, envenenado por um agente neurotóxico em um ataque que, segundo especialistas em Coreia do Norte, só poderia ter acontecido com a autorização do líder norte-coreano.

Yo-jong tem cerca de 30 anos, o que a torna a mais nova integrante do Politburo. É a única dos irmãos a ter um título oficial. Em uma história familiar complicada por vários casamentos e relacionamentos de seu pai, Kim Jong-il, ela mantém uma relação especial com o número um do país, compartilhando com ele a mesma mãe, a ex-dançarina Ko Young-hee.

"Eles têm uma ligação desde o nascimento e sua promoção ao politburo significa que Kim Jong-un tem total confiança nela", afirma Yang Moo-jin, professor na Universidade de estudos norte-coreanos em Seul. "É ela quem poderia assumir o controle no caso de morte de Kim", aponta Yang.

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Como seu irmão, Yo-jong estudou na Suíça. Ela fez sua primeira aparição oficial na imprensa norte-coreana em 2009, acompanhando seu pai em uma visita a uma universidade de agronomia. Era uma figura recorrente da comitiva de Kim Jong-il até a morte dele em dezembro de 2011. Nas fotos do funeral, ela aparece em destaque, ao lado de seu irmão.

Carreira fulgurante

Quando Kim Jong-un assumiu o poder, sua carreira pública dentro do departamento de propaganda do partido cresceu rapidamente, até sua nomeação, em 2014, como "diretora adjunta do departamento" no Comitê Central.

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De acordo com Michael Madden, editor do site Korean Leadership Watch, seu papel nos serviços de propaganda fez dela "a principal arquiteta da imagem de seu irmão e da Coreia do Norte em geral".

Ela é a única da família Kim conhecida por ser próxima ao líder supremo, com exceção da esposa, Ri Sol-ju. 

O reconhecimento externo de seu papel e influência veio este ano quando seu nome apareceu entre os sete norte-coreanos visados pelas sanções dos Estados Unidos por "abusos graves e contínuos dos direitos humanos e atividades de censura".

Cheong Seong-chang, pesquisador do Instituto Sejong de Seul, analisa isso como uma presença mais visível no topo da hierarquia política. "Ela deverá desempenhar papéis cada vez mais importantes no futuro", acredita.

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Há tempos, especula-se que Yo-jong se prepara para desempenhar um papel de apoio semelhante ao de sua tia, Kim Kyong-hui, a poderosa esposa de Jang Song-thaek.

Por décadas, Kim Kyong-hui foi uma colaboradora próxima de seu irmão, o líder Kim Jong-il, ocupando posições de liderança dentro do partido e se tornando em 2010 general de quatro estrelas. Mas ela quase desapareceu da arena pública desde a execução do marido.

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Até a queda em desgraça, o casal era percebido como poderoso e como tendo desempenhado um papel essencial na entrega do poder a Kim Jong-un. / AFP

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