Peça-chave em investigação sobre Trump e russos deve deixar cargo no Departamento de Justiça

Segundo fontes ouvidas pelas imprensa americana, Rod Rosenstein, vice-procurador-geral dos Estados Unidos, considera se demitir antes que o presidente americano decida tirá-lo do governo; ele supervisiona o caso conduzido por Robert Mueller

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WASHINGTON - O vice-procurador-geral dos Estados Unidos, Rod Rosenstein - que supervisiona a investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016 -, deve deixar seu cargo no Departamento de Justiça, segundo fontes ouvidas pela imprensa americana.

Ainda não está claro, no entanto, se ele pedirá para sair do governo ou será demitido pelo presidente Donald Trump. Na sexta-feira, reportagem do New York Times afirmou que o vice-procurador-geral sugeriu, em 2017, gravar secretamente o presidente e destituí-lo do cargo por instabilidade mental.

Rod Rosenstein supervisiona investigação de Robert Mueller sobre o suposto conluio da campanha de Trump com os russos Foto: REUTERS/Joshua Roberts

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Desde a publicação da reportagem do NYT, rumores em Washington sugerem que Trump deve demitir Rosenstein. O presidente, aliás, já tinha considerado essa hipótese em abril, depois que o FBI realizou buscas e apreensões no escritório e na casa de seu ex-advogado pessoal, Michael Cohen - que, recentemente, se declarou culpado por uma série de crimes.

Uma fonte ouvida pelo site Axios nesta segunda-feira, 24, disse que Rosenstein se demitiu verbalmente em conversa com o chefe de gabinete de Trump, John Kelly. Um segundo membro do governo consultado pela mesma publicação, no entanto, afirmou que ele "espera ser demitido" e, portanto, deve se antecipar e se demitir.

Já a emissora NBC News informa que Rosenstein não pretende deixar o governo e teria dito que só sairia do cargo de vice-procurador-geral se for demitido pela Casa Branca - o que também é corroborado por uma fonte ouvida pelo Wall Street Journal.

Rosenstein assumiu a supervisão da investigação conduzida por Robert Mueller sobre o suposto conluio da campanha de Trump com o governo russo depois que seu chefe, o secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, se declarou impedido em razão de contatos com o embaixador russo nos EUA no período em que já atuava na campanha republicana.

Qualquer uma das opções citadas pela imprensa dos EUA - a resignação ou a demissão de Rosenstein - teria impacto direto na investigação de Mueller, que foi escolhido pelo próprio vice-procurador-geral para conduzir o caso.

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Isso porque dentro de Departamento de Justiça o substituto imediato do vice-procurador geral - que assumiria a supervisão da investigação de Mueller - é o advogado-geral dos EUA, general Noel Francisco, funcionário de mais alto escalão indicado por Trump e confirmado pelo Senado.

O presidente americano, que está sob pressão em razão da investigação de Mueller, tem declarado repetidamente que ele e sua campanha presidencial são alvos de uma "caça às bruxas". / REUTERS, AFP, AP e NYT

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